China registra aumento nos nascimentos após incentivos governamentais
Políticas de estímulo e tradição impulsionam crescimento da natalidade após oito anos de queda
Por Plox
10/02/2025 08h37 - Atualizado há cerca de 1 mês
Pela primeira vez em oito anos, a China registrou um crescimento no número de nascimentos, apesar de a população total do país ter diminuído pelo terceiro ano consecutivo. De acordo com o Escritório Nacional de Estatísticas, 9,54 milhões de bebês nasceram no país em 2024, contra 9,02 milhões no ano anterior.

Medidas governamentais e incentivos financeiros
Especialistas atribuem o aumento a diferentes fatores, incluindo a flexibilização da política de natalidade, que há três anos passou a permitir até três filhos por casal. Além disso, políticas locais de incentivo financeiro mostraram resultados positivos, como no caso da cidade de Tianmen, na província de Hubei.
Em Tianmen, os casais com três filhos receberam subsídios expressivos: 120 mil yuans (cerca de R$ 95 mil) para aquisição de moradia, um auxílio mensal de mil yuans e um depósito adicional de 3 mil yuans. Grandes empresas locais também passaram a oferecer incentivos de 30 mil yuans para casais que tivessem um terceiro filho. Como resultado, a cidade viu um aumento de 17% nos nascimentos em relação ao ano anterior.
Diante desse cenário, outras províncias e cidades chinesas começaram a desenvolver medidas semelhantes, com foco nos encontros das "Duas Sessões" — as reuniões legislativas e consultivas locais que orientam decisões políticas futuras.
Reflexos nas políticas nacionais
As ações bem-sucedidas em algumas cidades impulsionaram o debate a nível nacional. O Conselho de Estado chinês já vinha planejando medidas para criar uma "sociedade amiga do parto", abrangendo benefícios como alívio tributário para os pais e maior período de licença-maternidade e paternidade. Estima-se que o orçamento do plano nacional de incentivo à natalidade possa chegar a 500 bilhões de yuans (cerca de R$ 395 bilhões).
O próprio líder chinês, Xi Jinping, alertou, em um artigo publicado na revista teórica do Partido Comunista da China, Qiushi, que "o declínio da população pode trazer desafios como a redução da mão de obra e o impulso menor para o consumo". Ele defendeu a criação de um sistema universal de creches e a redução dos custos de criação e educação dos filhos, além da eliminação de práticas culturais ultrapassadas, como os altos preços exigidos para casamentos.
Ano do Dragão e aumento de casamentos como fatores culturais
Outro fator que pode ter contribuído para o aumento das taxas de natalidade é a tradição chinesa. Muitas famílias planejaram seus filhos para nascer durante o Ano do Dragão — período entre 10 de fevereiro de 2024 e 28 de janeiro de 2025 —, considerado auspicioso e promissor na cultura chinesa.
Além disso, o crescimento no número de casamentos também foi apontado como um elemento-chave para o aumento dos nascimentos. Essa mesma relação entre casamento e natalidade foi observada na vizinha Coreia do Sul, que possui a menor taxa de fertilidade do mundo. Dados preliminares indicam que, pela primeira vez em nove anos, o país também pode ter registrado um aumento nos nascimentos em 2024.
Com os desafios demográficos cada vez mais evidentes, a China intensifica seus esforços para reverter a queda da população e garantir um futuro sustentável para sua economia e mercado de trabalho.