Pesquisa revela quanto custa ganhar uma eleição no Brasil

Confira o custo médio das campanhas vitoriosas ao Governo, Senado, Câmara do Deputados e Assembléia Legislativa

Por Plox

10/03/2022 09h40 - Atualizado há quase 3 anos

Calendário definido, candidatos se organizando para disputar o voto do eleitor e surge a pergunta mais importante na corrida eleitoral: quanto custa ganhar uma eleição? Um estudo do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (IBPAD), que acaba de ser publicado, ajuda a responder essa pergunta e revela como os vencedores utilizaram os recursos. Elaborado com informações da base de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), referentes às prestações de contas dos candidatos que disputaram a eleição de 2018, a pesquisa mostra o custo médio das campanhas vitoriosas ao Governo, Senado, Câmara do Deputados e Assembléia Legislativa em todo o país.

Em Minas Gerais, a campanha vencedora para o Governo do estado bateu na casa do R$ 6,8 milhões. Já a média de gastos para o Senado ficou em R$ 2,6 milhões, sendo que o gasto máximo para ser dono de uma das duas vagas foi de R$ 4,4 milhões, 5,5 vezes o valor mínimo gasto por quem ficou com a outra vaga e gastou R$ 811 mil.

A diferença de investimentos entre o gasto máximo e o mínimo na corrida por uma das 77 vagas na Assembléia Legislativa impressiona. O concorrente que investiu menos, não tinha mandato, e desembolsou R$ 4.962. O que gastou mais desembolsou R$ 1,1 milhão ou 231 vezes mais. Não é só isso: o gasto mínimo de quem disputou a reeleição foi de R$ 155 mil, 31 vezes o gasto do candidato sem mandato. Todos os valores foram corrigidos pela inflação acumulada no período (IPCA acumulado de outubro de 2018 a janeiro de 2022).

“É claro que cada campanha tem um custo, um perfil e depende de vários fatores como, por exemplo, o nível de conhecimento e desgaste do candidato pelo eleitorado, a região onde ele está, mas o estudo ajuda a entender o tamanho do investimento financeiro necessário para quem deseja entrar nessa disputa”, explica Max Stabile, diretor do IBPAD. “E o ideal é que o candidato saiba a melhor forma de usar os recursos que tem para obter o resultado desejado que é se eleger”.

A pesquisa baseou o levantamento na análise da informação das 1652 pessoas que venceram as eleições de 2018. Além da média, a pesquisa mostra o investimento mínimo e o investimento máximo necessários para vencer uma eleição em cada um dos cargos. O valor médio das campanhas foi corrigido pelo índice de inflação do período e além de trazer as informações por estados, também apresenta a média de gastos nacional e por região.

Para se ter uma idéia, a média nacional de gastos de uma campanha vitoriosa ao Governo do estado foi de R$ 6,8 milhões. Para o Senado, o custo médio foi de R$ 2,1 milhões, para a Câmara dos Deputados, R$ 1,3 milhão e para Assembléia Legislativa, R$ 373 mil.

A pesquisa também detalha como foram gastos os recursos e as informações dão um panorama interessante dos investimentos: a produção de rádio e televisão é o que consome o maior percentual de recursos das campanhas ao Governo (29,8%) e do Senado (22,09%). Mas quando olhamos para as campanhas à Câmara e à Assembléia Legislativa, o maior de volume de recursos é colocado em publicidade por material impresso: 22,09% e 21,56%, respectivamente.

Na era da internet, o estudo revela que os concorrentes aos diferentes cargos ainda investem menos de 5% dos recursos totais nessa área: candidatos ao governo usam em média 3,18% com impulsionamento de conteúdos na web. Concorrentes ao Senado, 3,18%, à Câmara, 2,10% e à Assembléia Legislativa, 1,95%. Tudo indica que os investimentos em campanhas digitais devem subir, assim como os investimentos em pesquisas, que começam a ser vistas como ferramentas importantes para uma campanha mais assertiva.

“Para alcançar o sucesso em uma eleição, é fundamental compreender a realidade, a dinâmica do eleitorado e como conquistá-lo. Há algumas ferramentas que facilitam esse caminho”, explica Max Stabile. “Sabendo quanto custa uma campanha vitoriosa e quais são essas ferramentas, o candidato consegue fazer um planejamento adequado, com gastos direcionados a ferramentas que podem melhorar o seu desempenho nas urnas”.

A estrategista de campanhas e pesquisadora em Democracia Digital, Maria Carolina Lopes, lembra que o financiamento público eleitoral mudou esse cenário no Brasil. Ela aponta que esses recursos estão nas mãos dos partidos, que os dividem entre seus candidatos. Além disso, partidos com mais representatividade, têm mais recursos.

“O mais importante é saber compor a sua equipe com pessoas preparadas para transmitir a sua mensagem política usando a linguagem da população. Uma campanha de R$ 500 mil que souber investir em bons produtores de conteúdo, marketing, monitoramento e pesquisas, por exemplo, pode se sair melhor que uma campanha de R$ 2 milhões que não investiu os recursos da forma correta”, explica.

Raio-x dos estados

E quanto custa ganhar a eleição em cada estado? A pesquisa do IBPAD traz informações detalhadas de cada unidade da federal. Dependendo da região ou estado em que o concorrente está, se vai disputar a reeleição ou não, o custo de uma campanha vitoriosa pode variar muito. O estudo mostra que no Espírito Santo, onde houve a menor média de gastos de um vencedor, o investimento foi de R$ 154 mil. A disputa pela mesma vaga em São Paulo, onde houve a maior média, custou quase 3,5 vezes a mais, um investimento de R$ 537 mil para quem se elegeu.

Já quem sonha com uma das 513 vagas da Câmara dos Deputados será necessário gastar em média R$ 1,3 milhão. Mas quando fazemos a comparação por estados, novamente há variações. Quem conquistou uma das cadeiras da bancada do Rio de Janeiro, o estado com a menor média de gastos, investiu R$ 914 mil. Mas para ser dono de um dos mandatos de deputado federal por Goiás, o estado com a maior média, o investimento foi quase duas vezes maior, de R$ 1,6 milhão.

“O estudo traz dados relevantes que contribuem para a compreensão dos desafios financeiros de uma campanha eleitoral em cada estado. Uma coisa é certa: quanto maior a profissionalização das campanhas, maior a chance de obter bons resultados e fazer valer o investimento”, conclui Max Stabile.

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