Medida em Minas garante acolhimento humanizado a mães após perda de bebês
Hospitais mineiros deverão oferecer quartos separados e cuidados específicos a mulheres que enfrentarem perdas gestacionais
Por Plox
10/05/2025 11h22 - Atualizado há 4 dias
Uma nova medida adotada em Minas Gerais busca transformar o acolhimento oferecido às mulheres que passam pela perda de seus bebês. A iniciativa prevê que os hospitais disponibilizem quartos separados para mães que enfrentam aborto, óbito fetal ou perinatal, criando um ambiente mais respeitoso e empático nesse momento delicado.

Com foco na humanização do atendimento, a proposta atende a uma demanda antiga de profissionais da saúde e de grupos de apoio. Paula Beltrão, fotógrafa com 15 anos de experiência e cofundadora do Grupo Colcha — que desde 2016 apoia famílias enlutadas por perdas gestacionais — afirma que o luto precisa ser respeitado com a mesma importância que o nascimento. “É fundamental garantir que essa mulher possa se despedir do seu bebê com dignidade, criando memórias, tocando, registrando, ficando o tempo que quiser”, explica.
A médica obstetra Monica Nardy, que perdeu sua filha com 38 semanas de gestação, relata que a falta de orientação e tempo no hospital aprofundou sua dor. “Eu não tenho nada da minha filha. Nenhuma foto, mecha de cabelo, nada. E isso faz falta. Quanto mais memória, mais saudável será o luto”, conta. Ela hoje integra o Grupo Colcha e luta para que outras mulheres recebam o cuidado que ela não teve.
Além da separação física, Paula destaca a importância de pequenas ações, como o uso de pulseiras ou sinais de identificação, para que os profissionais saibam lidar com mais sensibilidade. “Um profissional desavisado pode agravar a dor com palavras ou atitudes. É preciso preparo e empatia”, reforça.
Monica acrescenta que esse cuidado deve continuar mesmo após a perda. Ela defende que exames genéticos do bebê e da placenta sejam feitos, ajudando a entender o que aconteceu e evitando o sentimento de culpa. “É uma chance única de buscar respostas e de encerrar esse ciclo com mais clareza”, diz.
Para ambas, a medida representa um avanço importante na forma como o luto gestacional é tratado. A criação de protocolos específicos nas maternidades também é considerada essencial para garantir um acolhimento inteligente e sensível, respeitando o tempo e a dor de cada mulher.