Evangélicos exigem voz ativa e medidas efetivas na gestão de Lula

Apoiadores do presidente Bolsonaro durante a campanha, os evangélicos esperavam um diálogo mais intenso e ações concretas do governo petista.

Por Plox

10/06/2023 08h22 - Atualizado há mais de 1 ano

Em seis meses de governo, Lula ainda não conseguiu conquistar o apoio e vencer a resistência dos evangélicos, um setor importante do eleitorado brasileiro. Mesmo após enviar representantes para a Marcha para Jesus, a recepção foi marcada por vaias e evidenciou a falta de sintonia entre o presidente e esse grupo. Apoiadores do presidente Bolsonaro durante a campanha, os evangélicos esperavam um diálogo mais intenso e ações concretas do governo petista.

 

 

A pesquisa de popularidade realizada pelo Ipec revelou que a aprovação de Lula entre os evangélicos aumentou de 24% em abril para 29% em junho. No entanto, esse índice ainda é inferior ao registrado em março, quando atingiu 31%. Além disso, 33% consideram o atual governo regular e 34% o classificam como ruim ou péssimo.

A agenda de esquerda adotada por Lula e a falta de medidas específicas para atender aos anseios dos religiosos têm contribuído para a resistência enfrentada pelo presidente. Durante o período de transição, cogitou-se a criação de uma secretaria para tratar dos assuntos dos evangélicos no Planalto, mas essa iniciativa não se concretizou. Além disso, a exclusão dos líderes evangélicos do "Conselhão", que reúne empresários, sociedade civil e movimentos sociais, também gerou descontentamento.

É importante ressaltar que parte da resistência também vem de setores do próprio PT. A presidente nacional do partido, deputada Gleisi Hoffmann, já se manifestou publicamente contrária à criação da secretaria para os evangélicos, afirmando que o assunto nunca foi discutido internamente. Essa divisão interna enfraquece ainda mais a relação entre o governo e os evangélicos.

Mesmo líderes evangélicos progressistas têm criticado a falta de diálogo por parte de alas mais radicais da esquerda, classificando essa postura como preconceito. No entanto, ainda há expectativas de que o governo faça gestos efetivos para conquistar o apoio desse grupo. Lula sinalizou a possibilidade de estudar uma redução maior da isenção de impostos para as igrejas, mesmo tendo criticado esse privilégio durante a campanha eleitoral. Essa medida poderá ser discutida dentro da reforma tributária em tramitação no Congresso.

O presidente tem evitado entrar em debates relacionados às "pautas de costume", como a liberação do aborto e a descriminalização das drogas. Esses temas são sensíveis não apenas para os evangélicos, mas também para outros setores conservadores da sociedade. No entanto, ainda não foram estipuladas políticas públicas para abordar essas questões, mesmo quando declarações de ministros geram desavenças

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