Flávio Dino nega possibilidade de 'censura prévia' e prisão ao músico Roger Waters
Em maio passado, durante uma apresentação em Berlim, Alemanha, Waters foi acusado de incitar ódio público por usar o traje controverso
Por Plox
10/06/2023 16h57 - Atualizado há cerca de 2 anos
Um rumor recentemente despertou polêmica nas redes sociais: a suposta prisão do cantor britânico Roger Waters, conhecido por seu tempo como membro do Pink Floyd, durante sua turnê no Brasil, caso ele optasse por usar um traje que se assemelha ao de um oficial nazista. O boato, inicialmente reportado por Lauro Jardim, do jornal O Globo, sugeria que o ministro da Justiça, Flávio Dino, havia informado ao ministro Luiz Fux do STF que tal situação poderia ocorrer.

Em maio passado, durante uma apresentação em Berlim, Alemanha, Waters foi acusado de incitar ódio público por usar o traje controverso. A polícia local confirmou que estava investigando o caso. Martin Halweg, representante da polícia de Berlim, afirmou que "as vestimentas usadas no palco podem ser interpretadas como uma glorificação ou justificativa do regime nazista, afetando a ordem pública".
A Posição do Ministro da Justiça
O ministro da Justiça, Flávio Dino, tomou conhecimento das notícias e fez questão de esclarecer a situação. Dino declarou que não recebeu nenhuma solicitação oficial para impedir a entrada de Roger Waters no país. Enfatizou ainda que, de acordo com a Constituição Brasileira, não é permitido fazer uma "censura prévia". A possibilidade de prisão só seria considerada se houvesse uma apologia explícita ao nazismo, segundo a legislação brasileira.
Dino expressou sua visão em suas redes sociais, afirmando que "É regra geral que autoridade administrativa não pode fazer censura PRÉVIA, sendo possível ao Poder Judiciário intervir em caso de AMEAÇA de lesão a direitos de pessoas ou comunidades". Reforçou ainda que "No Brasil, é crime, sujeito inclusive à prisão em flagrante: Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo".
A Resposta de Roger Waters
O próprio Roger Waters, em meio à controvérsia, se pronunciou sobre o assunto. Em uma postagem no Twitter, o cantor afirmou que sua apresentação era uma clara declaração de oposição ao fascismo e que a personificação de um demagogo fascista tem sido um traço de seus shows desde "The Wall" (1980), do Pink Floyd.
Waters ressaltou que "Minha recente apresentação em Berlim atraiu ataques de má-fé daqueles que querem me difamar e silenciar porque discordam de minhas opiniões políticas e princípios morais".
Turnê no Brasil
Com a polêmica aparentemente esclarecida, o foco retorna para a turnê de despedida de Roger Waters, intitulada "This is Not a Drill". A série de shows, aguardada com grande expectativa pelos fãs, começará no Brasil em novembro. Um dos palcos será o Mineirão, em Belo Horizonte, no dia 8 de novembro.
Os ingressos para a turnê de Waters, que começaram a ser vendidos em 24 de maio, estão disponíveis no site da Eventim e nas bilheterias oficiais. Os preços iniciam em R$ 220.
O repertório promete não desapontar, trazendo cerca de 20 clássicos do próprio Waters e também do período em que esteve no Pink Floyd, lendária banda de rock da qual foi um dos fundadores. Além da capital mineira, o artista fará apresentações no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Porto Alegre e Curitiba.
Apesar do recente alvoroço sobre o uso de trajes polêmicos, Waters e sua equipe não fizeram comentários adicionais sobre o que o público pode esperar em termos de figurinos para a turnê "This is Not a Drill".