Bolsonaro ironiza e convida Moraes para ser seu vice em 2026 durante depoimento no STF
Durante interrogatório no Supremo, ex-presidente faz piada política envolvendo Moraes e volta a negar participação em plano de golpe
Por Plox
10/06/2025 17h41 - Atualizado há 2 dias
Durante um depoimento realizado nesta terça-feira (10) no Supremo Tribunal Federal (STF), Jair Bolsonaro surpreendeu ao lançar, em tom de brincadeira, um convite inusitado ao ministro Alexandre de Moraes: ser seu vice na eleição presidencial de 2026. A resposta de Moraes veio com leveza — \"Eu declino\", disse ele, em tom bem-humorado.

O depoimento de Bolsonaro aconteceu no contexto da ação penal que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado. O ex-presidente está inelegível devido a condenações já impostas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Durante o interrogatório, Bolsonaro refutou qualquer envolvimento com a edição da chamada “minuta do golpe”. “Não procede o enxugamento. Tem os considerandos”, afirmou.
Essa declaração de Bolsonaro contradiz o testemunho do tenente-coronel Mauro Cid, dado um dia antes. Segundo Cid, que era ajudante de ordens na Presidência, Bolsonaro não apenas teve acesso à minuta como também leu e a editou, retirando ordens de prisão — com exceção de uma: “Apenas o senhor [Moraes] ficaria preso”.
O ex-presidente é um dos oito integrantes do chamado “núcleo 1”, também conhecido como “núcleo crucial”, formado por figuras acusadas de arquitetar um plano para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Além de Bolsonaro, já prestaram depoimento o general Augusto Heleno (ex-GSI), o almirante Almir Garnier (ex-Marinha), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça), o deputado federal Alexandre Ramagem (ex-diretor da Abin) e o próprio Mauro Cid.
A sessão foi conduzida pela Primeira Turma do STF, que analisa a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), com base nas investigações da Polícia Federal. De acordo com a PGR, Bolsonaro liderou uma organização criminosa que tinha como objetivo central uma ruptura institucional para manter-se no poder, mesmo após perder as eleições em 2022.
Os crimes imputados aos réus incluem tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito, tentativa de golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. A soma das penas pode alcançar até 43 anos de prisão.
Bolsonaro se tornou réu formalmente em 26 de março deste ano, quando a Primeira Turma aceitou por unanimidade a denúncia contra os envolvidos no plano.
Segundo o procurador-geral da República, Paulo Gonet, o ex-presidente difundiu informações falsas para desacreditar o sistema eletrônico de votação, além de incitar membros do governo e das Forças Armadas a aderirem à retórica de fraude eleitoral. Uma das acusações mais graves diz respeito ao suposto envolvimento de Bolsonaro com um plano denominado “Punhal Verde e Amarelo”, que teria como objetivo assassinar autoridades como Lula, Moraes e o vice-presidente Geraldo Alckmin.
O ministro Alexandre de Moraes também destacou que Bolsonaro teria impedido o então ministro da Defesa, Paulo Sergio Nogueira, de divulgar o relatório das Forças Armadas confirmando a segurança do sistema eletrônico de votação.
A defesa do ex-presidente, representada por Celso Vilardi, argumenta que os crimes apontados são “impossíveis”, já que, à época dos fatos, Bolsonaro era o chefe legítimo do governo.
Ao se tornar réu, Bolsonaro criticou duramente o processo, chamando-o de “teatro processual”. “Parece que existe algo pessoal contra mim. A acusação é muito grave, e são acusações infundadas”, afirmou, concluindo com a pergunta:
“Eu sou golpista?”