Bolsonaro prestará depoimento ao STF com vídeos como defesa

O interrogatório do ex-presidente Jair Bolsonaro, inicialmente previsto para quarta-feira, foi antecipado para esta terça-feira (10), na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF).

Durante uma conversa com jornalistas nos corredores do STF, antes do início da sessão, Bolsonaro afirmou que pretende se aprofundar nas respostas e detalhar os acontecimentos com o máximo de liberdade possível. Ele declarou:

“Se puder ficar à vontade, se preparem, vai ser horas”

.

A defesa do ex-presidente estruturou uma estratégia baseada na exibição de vídeos curtos, que deverão ser reproduzidos ao longo da oitiva. São, ao todo, cerca de 11 ou 12 gravações, segundo ele, que incluem declarações suas, além de falas de autoridades políticas da esquerda com críticas ao sistema eletrônico de votação.

Entre os destaques, estão trechos de discursos do atual ministro do STF, Flávio Dino, e do ex-ministro Carlos Lupi. Dino teria feito críticas às urnas eletrônicas, enquanto Lupi apontaria que a ausência da impressão do voto seria uma forma de fraude eleitoral, conforme indicado por Bolsonaro.

Além disso, o ex-presidente voltou a defender a implementação do voto impresso, citando como exemplos os modelos utilizados pela Venezuela e pelo Paraguai. De acordo com ele, foi somente com esse sistema que se tornou possível identificar fraudes nas eleições que garantiram a vitória de Nicolás Maduro no último pleito venezuelano.

A fala de Bolsonaro ecoa posicionamentos anteriores e busca reforçar sua tese de que não houve tentativa de golpe, conforme já havia declarado em outras ocasiões. O tema permanece sob investigação, e o depoimento desta terça é considerado um dos momentos centrais para o avanço do processo.

A movimentação jurídica em torno de Bolsonaro continua intensa. Enquanto sua defesa tenta desmontar a acusação com base em supostas contradições de outras autoridades, nomes envolvidos no mesmo processo vêm apresentando versões diversas, como é o caso de Mauro Cid, cuja memória foi recentemente questionada pelos advogados do ex-presidente.