Defesa de Bolsonaro contesta depoimento de Mauro Cid no STF

Advogado acusa ex-ajudante de ordens de omitir informações e distorcer fatos em delação sobre tentativa de golpe

Por Plox

10/06/2025 07h21 - Atualizado há 3 dias

Durante o primeiro dia de interrogatórios no Supremo Tribunal Federal, o advogado Celso Vilardi, que representa Jair Bolsonaro, atacou com veemência a delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência e um dos principais delatores da investigação sobre tentativa de golpe de Estado.


Imagem Foto: STF


Segundo o criminalista, o depoimento de Cid apresenta uma sequência de falhas que, na sua visão, comprometem a credibilidade da colaboração. Entre os pontos criticados estão o que chamou de 'amnésia seletiva', lembranças convenientes e incoerências em relação a provas já incluídas no processo. “Assim é fácil depor. Não lembra. Essa parte não lembra. A memória dele é seletiva para algumas coisas e para outras não lembra”, ironizou Vilardi.



Ele afirmou ainda que o militar estaria deliberadamente omitindo informações importantes e criando uma narrativa inconsistente, apenas para obter os benefícios da delação premiada.
“É um depoimento típico de quem está mentindo”,

disparou o advogado, alegando que as contradições são evidentes ao se comparar o relato de Cid com outros depoimentos, como o do general da reserva Walter Braga Netto.

Vilardi citou como exemplo uma suposta reunião no salão de festas, mencionada por Cid, mas cuja existência não pôde ser comprovada. Além disso, questionou um suposto pedido de rascunho de texto feito dois dias antes do encontro, cuja existência também não foi evidenciada documentalmente. “Tem muita coisa que não fecha”, declarou o advogado.



Outro ponto contestado pela defesa foi a referência a grupos organizados que estariam atuando em torno do ex-presidente. De acordo com Vilardi, “Ele mesmo diz que o presidente falou que faria tudo dentro das quatro linhas. E onde estão esses tais grupos? Isso precisa ser esclarecido, porque até agora não há nenhuma evidência robusta”.


Jair Bolsonaro, presente na audiência ao lado de outros sete réus, ainda será ouvido. Ele deve prestar esclarecimentos como o sexto a depor, seguindo a ordem alfabética dos convocados.


A audiência também contou com o interrogatório do delegado Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin e atual deputado federal, suspeito de envolvimento em monitoramentos ilegais e articulações antidemocráticas.



Os próximos a serem ouvidos nesta terça-feira (10), também em ordem alfabética, são:


- Almir Garnier, ex-comandante da Marinha


- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça


- Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do GSI


- Jair Bolsonaro, ex-presidente da República


- Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa


- Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e vice na chapa de Bolsonaro em 2022


Por estar preso em uma unidade do Exército no Rio de Janeiro desde dezembro de 2024, Braga Netto será interrogado por videoconferência.



A delação de Mauro Cid é considerada peça central na investigação conduzida pela Polícia Federal e pela Procuradoria-Geral da República. Ela sustenta a tese de que houve articulações golpistas após a derrota de Bolsonaro nas eleições de 2022, envolvendo militares e aliados políticos do ex-presidente.


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