General Augusto Heleno responde só ao advogado em depoimento ao STF

Ex-ministro do GSI adota silêncio parcial e é o primeiro réu da investigação do golpe a não falar com a Justiça

Por Plox

10/06/2025 12h49 - Atualizado há 2 dias

Em mais uma sessão do Supremo Tribunal Federal que investiga a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, o general da reserva e ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, decidiu exercer seu direito ao silêncio parcial nesta terça-feira (10).


Imagem Foto:Foto: Ton Molina/STF


Durante a audiência, o advogado de Heleno, Matheus Milanez, comunicou ao ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito, que seu cliente responderia apenas às perguntas formuladas pela própria defesa. O ex-ministro, assim, tornou-se o primeiro entre os cinco integrantes do chamado “núcleo 1” a utilizar esse recurso, garantindo o direito constitucional de não produzir provas contra si mesmo.


No início do interrogatório, Moraes leu os questionamentos que faria ao réu, mas passou a palavra ao defensor. Nenhum outro advogado presente, tampouco o procurador-geral da República, Paulo Gonet, optou por interpelar o general.



Ao longo da audiência, Milanez iniciou sua linha de perguntas abordando o cargo ocupado por Heleno durante o governo Bolsonaro, suas funções e elementos apontados na denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Entretanto, sempre que o general tentava detalhar respostas, era interrompido com a orientação: “Apenas sim ou não, general”. A insistência provocou risos no plenário, remetendo a episódios anteriores em que o próprio Moraes fizera exigência semelhante a outros réus. Em tom de brincadeira, o ministro afirmou: “Não fui eu desta vez, general”.


Em sua fala, Heleno fez questão de frisar que sempre seguiu as diretrizes institucionais enquanto esteve no governo: “É importante salientar que o presidente Jair Bolsonaro iria jogar nas quatro linhas. E eu segui isso aí religiosamente em todo o tempo que estive na presidência [da República]”.



Durante o depoimento, Moraes foi visto checando o celular, uma postura inédita nas cinco oitivas já realizadas até então, e atribuída ao fato de que o interrogatório estava sendo conduzido exclusivamente pelo advogado de defesa.


Augusto Heleno, que despachava do segundo andar do Palácio do Planalto, onde mantinha gabinete próximo ao do presidente, agora figura como um dos principais réus na investigação que apura a articulação de uma tomada de poder após a derrota de Bolsonaro nas eleições.


Na sequência das oitivas, o próximo a ser interrogado será o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro, que antecipou a intenção de apresentar vídeos relacionados às urnas eletrônicas e declarou que, caso fosse permitido, “iria falar bastante”.



O julgamento segue em andamento no Supremo Tribunal Federal, com expectativas de novos desdobramentos nas próximas sessões.


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