Polícia descobre base armada em falsa igreja no Complexo de Israel

Operação no Rio resulta na descoberta de estrutura usada por traficantes como ponto estratégico de ataques, com seteiras e cápsulas deflagradas

Por Plox

10/06/2025 16h25 - Atualizado há cerca de 16 horas

Uma operação realizada nesta terça-feira (10) pela Polícia Civil do Rio de Janeiro revelou um esquema alarmante no Complexo de Israel, na Zona Norte da cidade: criminosos utilizavam uma torre disfarçada de igreja como base armada para ações contra as forças de segurança.


Imagem Foto: Reprodução


A estrutura, que contava com púlpito e bancos como os de um templo religioso, escondia seteiras — aberturas nas paredes usadas para apoiar armamentos, dificultando a detecção dos autores dos disparos. De acordo com a Secretaria de Ordem Pública (Seop), que foi chamada ao local, a edificação já começou a ser demolida.


Durante a ação, agentes encontraram dezenas de cápsulas de balas deflagradas, sinalizando que o espaço havia sido usado recentemente como refúgio por criminosos. Segundo a Seop, a torre funcionava como um ponto estratégico de observação e ataque contra as forças policiais.



A operação visa cumprir 44 mandados de prisão contra membros do Terceiro Comando Puro (TCP), um número atualizado após correções feitas em entrevista coletiva. Inicialmente, falava-se em 70 mandados. O grupo é liderado por Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como “Peixão”, um dos traficantes mais procurados do estado.


Peixão, de orientação evangélica, batizou o conjunto de comunidades controladas pelo TCP como Complexo de Israel, incluindo Vigário Geral, Parada de Lucas, Cidade Alta, Cinco Bocas e Pica-Pau. Nessas áreas, religiões de matriz africana foram proibidas, conforme aponta a investigação.



Durante os confrontos com os criminosos, pelo menos quatro pessoas foram baleadas. Devido à troca de tiros, a Avenida Brasil e a Linha Vermelha foram temporariamente fechadas por volta das 6h30, impactando o tráfego na região. O Centro de Operações e Resiliência (COR) elevou o estágio da cidade para o nível 2, em uma escala que vai até 5, indicando risco de impactos significativos na rotina dos moradores.


Imagens gravadas dentro de uma estação do BRT mostraram passageiros deitados no chão, alguns em oração e outros entoando louvores, enquanto os disparos podiam ser ouvidos ao fundo.



O secretário da Polícia Civil, Felipe Curi, destacou que a investigação, com sete meses de duração, permitiu identificar traficantes que até então não tinham mandados ou registros criminais. Segundo ele, muitos desses criminosos possuíam participação ativa no tráfico, mas passavam despercebidos por não ostentarem ficha policial.


O grupo investigado utilizava métodos diversos para exercer controle nas comunidades, como drones para monitoramento, toque de recolher, monopólio de serviços públicos e barricadas. Outro núcleo do TCP era especializado em organizar protestos com queima de ônibus para atrapalhar ações policiais, enquanto uma célula mais agressiva se dedicava ao abate de aeronaves, com treinamento e armamento específicos.


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