Referendo sobre cidadania italiana fracassa após boicote do governo
Consulta que reduziria tempo de residência para naturalização não atinge quórum mínimo e é invalidada
Por Plox
10/06/2025 14h07 - Atualizado há 3 dias
A tentativa de modificar as regras para aquisição da cidadania italiana por estrangeiros sofreu um revés nesta segunda-feira (9), quando o referendo que propunha reduzir de dez para cinco anos o tempo mínimo de residência para naturalização não alcançou o quórum necessário.

Apenas 30,59% dos eleitores italianos participaram da consulta popular, número insuficiente diante da exigência legal de pelo menos 50% mais um dos votantes. Mesmo entre os que foram às urnas, a maioria — 65,49% — votou favoravelmente à mudança, enquanto 34,51% se posicionaram contra.
A iniciativa contou com apoio do Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, e de diversas organizações civis, que argumentavam que a alteração alinharia a Itália a nações como França e Alemanha, promovendo a integração de imigrantes. No entanto, o governo da primeira-ministra Giorgia Meloni, do partido de ultradireita Irmãos da Itália, posicionou-se frontalmente contra a proposta e incentivou o boicote à votação.
A participação de cerca de 14 milhões de eleitores, distribuídos por todo o território nacional, foi insuficiente para validar o pleito. Pesquisas realizadas em maio já indicavam o baixo nível de engajamento da população, revelando que apenas 46% conheciam os temas tratados no referendo, que também incluía propostas relacionadas às leis trabalhistas.
O secretário-geral da Confederação Geral Italiana do Trabalho (CGIL), Maurizio Landini, declarou que o resultado representa uma \"crise evidente de participação e democracia\". Segundo ele, a mobilização gerou um ponto de partida para futuras ações, mesmo sem alcançar os resultados desejados.
Paralelamente, o governo endureceu as regras para concessão de cidadania a descendentes de italianos no exterior. A nova legislação limita a transmissão automática do direito à cidadania a apenas duas gerações, restringindo o princípio do \"jus sanguinis\", que até então não impunha tal limitação. Essa medida impacta milhões de estrangeiros que aguardam completar o tempo mínimo de residência para iniciar o processo de naturalização na Itália.