Divisões internas explodem grupo de WhatsApp do PL: debate sobre reforma tributária causa discórdia

Os discursos opostos de membros que votaram a favor da reforma tributária e aqueles que votaram contra

Por Plox

10/07/2023 12h34 - Atualizado há mais de 1 ano

A discussão sobre a reforma tributária no Partido Liberal (PL) descambou para um confronto áspero, levando à suspensão do grupo de WhatsApp dos deputados do partido. Os discursos opostos de membros que votaram a favor da reforma tributária e aqueles que votaram contra, alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, alimentaram a tensão interna.

 

Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução

Confrontos e acusações no partido

O líder do PL, Altineu Côrtes (RJ), tomou a decisão de suspender o grupo após uma série de troca de ofensas entre os parlamentares, um cenário que espelha a divisão vivenciada no PSL, antigo partido de Bolsonaro. As mensagens carregadas de acusações entre os deputados foram reveladas ao público por "O Globo" e Andrea Sadi, colunista do "G1".

De um lado da discussão, encontravam-se Vinícius Gurgel (AP), Luciano Vieira (RJ) e o parlamentar licenciado Yuri do Paredão (CE), todos favoráveis à reforma tributária. Este grupo enfrentou uma forte oposição formada por Gustavo Gayer (GO), Julia Zanatta (SC), Carlos Jordy (RJ), André Fernandes (CE) e Junio Amaral (MG), que votaram contra a reforma e são considerados aliados de Bolsonaro.

Desacordos e insultos no partido

Durante as acaloradas discussões, os parlamentares favoráveis à reforma foram rotulados pelos bolsonaristas como "melancias traidores", enquanto foram qualificados como "extremistas" pelos contrários à reforma. A situação chegou a ser comparada com as tensões vivenciadas anteriormente no PSL.

Vinícius Gurgel, sentindo-se atacado, clamou por respeito. Ele negou ser de esquerda e expressou indiferença caso quisessem pedir sua suspensão e comissões ou expulsão, o que foi caracterizado por Julia Zanatta como "choramingo".

Futuro do PL em meio à discórdia

Carlos Jordy, por sua vez, afirmou que o partido seguiria rumo à direita, e aqueles que discordassem deveriam sair. Junio Amaral, levantou a hipótese de que a votação a favor da reforma teria outros motivos, alegando que justificar tal postura seria tratar os bolsonaristas como "otários". Em resposta, Gurgel convidou-os a pedir sua expulsão.

Enquanto os parlamentares discutiam, General Pazuello (RJ), ex-ministro da Saúde de Bolsonaro, tentou amenizar os ânimos, solicitando "mais política" e argumentando que um partido de nome "liberal" não poderia abrigar "radicalismo e acusações".

Desacordo se estende até o Senado

A reforma tributária já tinha provocado um incidente desconfortável envolvendo o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, do Republicanos, durante uma reunião do PL no dia da aprovação da proposta na Câmara. Ele foi interrompido e criticado ao defender a votação a favor do texto, chegando a ser acusado de falta de "experiência política" por Bolsonaro, que estava ao lado.

Com a expectativa de novos embates no Senado, aliados de Bolsonaro, como o ex-vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB-RS), o ex-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), e o líder do PL Carlos Portinho (RJ), sinalizam posições mais favoráveis à reforma. Por outro lado, Jorge Seif (PL-SC) e Damares Alves (Republicanos-DF) já manifestaram intenção de votar contra.

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