Demolição da Boate Kiss marca início de memorial em Santa Maria

Prédio será transformado em espaço de homenagem às 242 vítimas do incêndio de 2013, com conclusão prevista em oito meses

Por Plox

10/07/2024 19h17 - Atualizado há 3 meses

A demolição da Boate Kiss, em Santa Maria (RS), teve início nesta quarta-feira (10) com a retirada do letreiro, portas e tapumes. Esse passo marca o começo da construção de um memorial dedicado às 242 vítimas do incêndio que ocorreu em 27 de janeiro de 2013. A cerimônia contou com a presença de sobreviventes, pais das vítimas e autoridades locais.

Foto: Marizilda Cruppe/Divulgação

Início da demolição e detalhes do memorial

O processo de demolição e a construção do memorial devem ser concluídos em oito meses. Alguns itens internos do prédio serão recolhidos para integrar o acervo do memorial, que incluirá um jardim central, áreas públicas e 242 pilares de madeira representando cada uma das vítimas da tragédia.

Função social do memorial

Gabriel Rovadoschi, presidente da Associação dos Familiares das Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), enfatizou a importância do memorial como um meio de reconstrução social. "O memorial funciona como um instrumento para produzir vida, porque dá um cenário de produção de cultura, de educação e de diversos fatores que nos ajudam a costurar esse tecido social que foi extremamente danificado pelo trauma que ocorreu", afirmou.

Educação e memória

O memorial visa manter viva a memória das vítimas, especialmente para as gerações mais jovens. Rovadoschi destacou a integração do espaço às escolas locais, permitindo que turmas de estudantes visitem o memorial como parte de seus estudos. "Acreditamos e apostamos muito nessa educação pedagógica, nesse sentido da formação da cidadania das pessoas através do conhecimento dessa história também", explicou.

Júri e processos jurídicos

A decisão de demolir o prédio e construir o memorial só foi tomada após a finalização do júri em 2021. No entanto, a anulação posterior do júri e os embates jurídicos subsequentes trouxeram incertezas ao processo. "A gente aguardava o resultado do júri para então nos sentirmos seguros de tomar esse passo em direção à memória, da construção do memorial", disse Rovadoschi. Ele destacou a necessidade de uma resposta definitiva da justiça durante os oito meses de construção do memorial.

Reunião da Comissão Interamericana de Direitos Humanos

Na sexta-feira (12), representantes das vítimas da Boate Kiss, de Brumadinho e Mariana (MG), dos bairros afetados por problemas no solo em Maceió e do incêndio do Ninho do Urubu no Rio de Janeiro se reunirão com a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), órgão da OEA, para cobrar explicações do Estado brasileiro sobre suas tragédias respectivas.

Com este novo passo, a cidade de Santa Maria busca transformar o local do desastre em um símbolo de memória, educação e prevenção, mantendo viva a lembrança das vítimas e promovendo um futuro de justiça e conscientização.

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