Após tarifar produtos brasileiros, Trump tem carta devolvida por Lula

Uma nova tensão diplomática surgiu entre o Brasil e os Estados Unidos após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidir rejeitar oficialmente uma carta enviada por Donald Trump, que impunha tarifas de 50% sobre produtos brasileiros.

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom / Agência Brasil

Nesta quarta-feira, dia 9, o Palácio do Planalto informou que o documento foi devolvido por conter conteúdo considerado "ofensivo" e "inverídico". Segundo fontes próximas ao governo, o texto de Trump apresentava erros factuais sobre a relação comercial entre os dois países, incluindo a alegação de que os EUA teriam déficit com o Brasil — o que, na realidade, é o oposto: os americanos mantêm superávit nessa balança.

A carta foi publicada previamente por Trump em sua rede social, a Truth Social, antes mesmo de chegar ao destino oficial, o que foi visto como um procedimento "pouco ortodoxo" no meio diplomático. A embaixadora Maria Luisa Escorel, responsável pelas relações com a Europa e América do Norte no Itamaraty, comunicou ao chefe da embaixada americana em Brasília, Gabriel Escobar, que Lula não aceitaria o documento.

Escobar, que responde como principal autoridade dos EUA no Brasil desde o retorno da embaixadora Elisabeth Bagley em janeiro, confirmou que a carta era autêntica após ser questionado sobre sua veracidade. Ainda nesta noite, ele foi convocado pela segunda vez ao Itamaraty, reforçando o clima de urgência e desconforto entre os países.

A devolução do documento é um gesto simbólico forte na diplomacia e sinaliza o descontentamento do governo brasileiro com a condução da política externa dos EUA sob Trump, especialmente após a imposição unilateral da nova tarifa, que foi recebida como um ataque às relações bilaterais.