Brasil pode retomar horário de verão para evitar apagões, diz ONS

Estudo aponta risco de colapso no sistema elétrico nos próximos anos e propõe medidas como retorno do horário de verão

Por Plox

10/07/2025 07h15 - Atualizado há 1 dia

Diante da crescente demanda de energia nos horários de pico e das limitações da matriz elétrica nacional, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) lançou nesta terça-feira (8) o Plano da Operação Energética (PEN 2025), apontando para possíveis dificuldades no fornecimento de potência elétrica no Brasil entre 2025 e 2029.


Imagem Foto: Pixabay


O estudo, que analisa o Sistema Interligado Nacional (SIN), alerta que, sem a realização de novos leilões, será necessário acionar usinas térmicas flexíveis nos momentos de maior consumo, especialmente no fim do dia. Como medida alternativa, o ONS cogita recomendar o retorno do horário de verão, política suspensa desde o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. A decisão, no entanto, dependerá de avaliações futuras sobre o atendimento à demanda.



A geração de energia no Brasil tem aumentado, impulsionada principalmente por fontes intermitentes, como a solar, eólica e a mini e microgeração distribuída (MMGD). Porém, essas tecnologias apresentam limitações durante a noite, exatamente quando a necessidade de potência é mais alta.


Para os próximos anos, estima-se que a capacidade instalada no país cresça 36 Giga Watts (GW), alcançando 268 GW até 2029. A energia solar, juntamente com a MMGD, deverá representar 32,9% da matriz elétrica nacional, tornando-se a segunda maior fonte do SIN.



Essa mudança estrutural na matriz, com a ampliação das fontes renováveis, tem exigido mais flexibilidade operacional, sobretudo das hidrelétricas e térmicas. O ONS prevê que, já a partir de outubro deste ano, será necessário um alto volume de despacho térmico adicional para manter o atendimento.


Apesar disso, o operador ressalta que o sistema não deve adotar geração térmica com pouca flexibilidade ou acionamento demorado. O foco deverá ser em usinas com capacidade de adaptação rápida às variações de demanda e geração renovável ao longo do dia.



Um dos fatores que agrava a situação é a ausência de leilões de reserva de capacidade. Previsto inicialmente para agosto do ano passado, o certame foi judicializado e adiado diversas vezes, sendo efetivamente cancelado após o Ministério de Minas e Energia revogar suas regras em abril deste ano. Uma nova portaria poderá reabrir o processo futuramente, com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) coordenando o leilão na plataforma da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).


Para o período de 2026 a 2029, o documento do ONS aponta violações recorrentes no critério de confiabilidade do sistema, indicando risco explícito de insuficiência de potência — conhecido como LOLP — em todos os anos analisados. Segundo o operador, é urgente a retomada de leilões anuais de reserva de capacidade para equilibrar o fornecimento.



Outro desafio são as chamadas “cargas especiais”, como datacenters e plantas de hidrogênio verde, que têm alta demanda e baixa flexibilidade operacional. Esses empreendimentos aumentam ainda mais a pressão sobre o sistema, sobretudo nos horários noturnos, período já identificado como crítico para o fornecimento.


O PEN 2025 conclui que a busca por soluções estruturais, incluindo o eventual retorno do horário de verão, é indispensável para garantir o equilíbrio energético do país nos próximos anos.


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