Em MG, aves traficadas passam por reabilitação e retornam à natureza

Trabalho do Cetras de Divinópolis ajuda aves vítimas do tráfico a retornarem à natureza após processo de recuperação física e comportamental

Por Plox

10/07/2025 07h05 - Atualizado há 6 dias

Retiradas ilegalmente da natureza, muitas aves silvestres chegam aos centros de reabilitação feridas, desnutridas e em estado de estresse intenso. Esse é o cenário enfrentado por centenas de animais que passam pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetras), em Divinópolis, Minas Gerais.


Imagem Foto: Reprodução


Ao longo do primeiro semestre de 2024, aproximadamente 400 aves passaram pelo local, administrado pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF). Entre as espécies mais comuns, estão trinca-ferro, coleiro, papagaio-verdadeiro e sabiá-laranjeira — alvos frequentes de traficantes, seja pelo valor de mercado ou pelo canto característico.


O Cetras desenvolve um trabalho criterioso de reabilitação que inclui avaliações clínicas, comportamentais e nutricionais. Durante a quarentena, as aves realizam exames e recebem estímulos para retomar comportamentos naturais, como voar e buscar alimento. Somente após essa preparação elas são consideradas aptas para retornar ao ambiente selvagem.



Entretanto, nem todos os animais conseguem voltar à natureza. Alguns apresentam sequelas físicas permanentes ou alterações comportamentais irreversíveis, e por isso são direcionados para programas de educação ambiental ou instituições autorizadas a mantê-los.


A soltura das aves, quando viável, é feita em locais com vegetação adequada, como Unidades de Conservação, e segue rígidos protocolos sanitários e ecológicos determinados pelo Ibama.


“O objetivo é devolver o animal ao seu habitat com segurança. Soltar sem preparo é colocá-lo em risco de morte”, afirma o IEF em nota técnica.



O tráfico de animais silvestres continua sendo um problema grave no Brasil. Segundo o Ibama, essa é a terceira atividade ilícita mais lucrativa no mundo, atrás apenas do tráfico de drogas e de armas. A estimativa é de que 38 milhões de animais sejam retirados da natureza todos os anos no país.


Grande parte desses animais é vendida para colecionadores e criadores amadores. Muitos deles nem chegam ao destino final, morrendo ainda no transporte.


O Projeto Fauna Brasil, do Ministério do Meio Ambiente, reforça que o combate a esse crime depende do comportamento da população. A recomendação é clara: não adquirir animais silvestres sem procedência legal e denunciar atividades suspeitas pelo canal Linha Verde do Ibama, no número 0800 61 8080.



A experiência do Cetras de Divinópolis demonstra que é possível oferecer uma nova chance à vida selvagem. Porém, para que mais histórias tenham um final positivo, o enfrentamento ao tráfico precisa ser contínuo, firme e contar com o apoio de toda a sociedade.


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