Projeto Akoma, do Vale do Aço, leva protagonismo feminino negro à UFBA

Iniciativa mineira será apresentada em Salvador durante seminário nacional sobre pedagogias teatrais negras

Por Plox

10/07/2025 09h04 - Atualizado há 1 dia

No próximo dia 11 de julho, sexta-feira, o campus Ondina da Universidade Federal da Bahia (UFBA) receberá uma iniciativa marcante do interior mineiro. O projeto

Imagem Foto: Divulgação
Akoma – Contação de Histórias e Teatro do Oprimido, idealizado no Vale do Aço, será apresentado no Seminário Pedagogias Teatrais Negrorreferenciadas, reunindo artistas, educadores e pesquisadores de diversas regiões do Brasil.



As atrizes, artistas e pesquisadoras Sonaly Torres Silva Gabriel e Edna Imaculada Inácio de Oliveira estarão à frente da apresentação no Auditório 1 do PAF 5, onde compartilharão os aprendizados e impactos dessa experiência que alia técnicas de contação de histórias com o Teatro do Oprimido. O projeto nasceu em Coronel Fabriciano, a partir da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), sendo desenvolvido no Rizoma Cultural com oficinas presenciais e encontros virtuais.



Inspirado na metodologia de Augusto Boal, o trabalho busca romper barreiras por meio de uma prática teatral democrática, horizontal e transformadora. Sonaly destaca que levar o projeto para Salvador vai além de um simples evento acadêmico:
\"Estar na UFBA é muito mais do que apresentar um trabalho acadêmico. É contribuir para a valorização das culturas africanas e afro-brasileiras, criando redes e diálogos que ajudam a diminuir a discriminação e o racismo\"

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Edna reforça o papel social da arte nesse contexto: “Minha atuação representa a valorização da diversidade cultural e racial, um engajamento em prol da justiça racial em busca de cooperar para o eliminação do racismo e da discriminação”.


Além das práticas artísticas, Akoma também resultou na produção de um artigo científico, elaborado pelas autoras e aprovado para apresentação no seminário. Segundo Sonaly, a integração entre teatro e narrativas negras tem promovido a libertação de opressões e fortalecido a presença feminina negra nos palcos e nas comunidades.
“A integração entre teatro do oprimido e contação de histórias mostrou-se uma ferramenta poderosa no campo das artes cênicas, contribuindo para libertação de opressões e fortalecimento do protagonismo feminino, especialmente entre mulheres negras”

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As oficinas realizadas pelo projeto abriram espaço para reflexões sobre identidade, pertencimento e representatividade. Mulheres negras participantes puderam compartilhar experiências, fortalecer redes de apoio e aprofundar a consciência crítica, além de reafirmarem o valor de suas histórias.


A trajetória de Edna e Sonaly vem desde 1988, quando iniciaram juntas o curso de Pedagogia e se envolveram com o Teatro do Oprimido. Atualmente, ambas integram o Coletivo Roda das Pretas — movimento dedicado à valorização da cultura negra e ao combate à discriminação racial no Vale do Aço —, onde Edna também atua como presidente e orientadora do projeto.


Para elas, apresentar o Akoma na capital baiana significa não apenas visibilidade, mas também conexão. “Queremos compartilhar a nossa experiência e aprender com outras iniciativas negras do país. É construir redes, fortalecer o pertencimento e valorizar a cultura afro-brasileira como instrumento de transformação social. É dar visibilidade às vozes das mulheres negras, muitas vezes invisibilizadas”, finaliza Sonaly.


Parte da programação do seminário poderá contar com transmissão online, mas ainda não há confirmação oficial por parte dos organizadores.


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