Trump impõe tarifa recorde de 50% ao Brasil e acusa interferência contra Bolsonaro
Nova medida do presidente dos EUA também inclui sobretaxa de 200% para produtos farmacêuticos e pressiona relações diplomáticas com o governo Lula
Por Plox
10/07/2025 10h23 - Atualizado há 6 dias
Em um anúncio realizado na noite de quarta-feira (9), pelas redes sociais, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, revelou novas tarifas comerciais que atingem diretamente o Brasil, impondo uma taxa de 50% sobre os produtos brasileiros — a mais alta entre os países notificados.
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Segundo Trump, a decisão vem como resposta a supostos ataques contra empresas de tecnologia norte-americanas e o que ele chamou de 'caça às bruxas' movida pelo governo brasileiro contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. O presidente americano também rechaçou antigas abordagens diplomáticas e informou que as novas tarifas entrarão em vigor a partir de 1º de agosto, salvo acordo prévio com os países atingidos.
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O Brasil foi incluído na segunda rodada de cartas oficiais enviadas por Washington, que também notificaram Argélia, Filipinas, Líbia, Sri Lanka, Brunei, Iraque e Moldávia. A notificação soma-se a um total de 22 países, incluindo outros parceiros estratégicos dos Estados Unidos como Japão, Coreia do Sul e Bangladesh. Os percentuais variam, com destaque para o Brasil, único país com a marca de 50%.
Na justificativa divulgada, Trump destacou que a medida visa fortalecer setores estratégicos dos EUA. Ele mencionou explicitamente a importância do cobre — material essencial para aviões, navios, sistemas antimísseis, centros de dados e semicondutores —, classificando-o como “o segundo mais utilizado pelo Departamento de Defesa”. Além do cobre, os produtos farmacêuticos também foram atingidos com uma taxa ainda mais elevada, de 200%.
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O presidente Lula reagiu por meio de suas redes sociais, afirmando que qualquer aumento de tarifa será respondido com reciprocidade. Ele também condenou a tentativa de interferência no sistema judiciário brasileiro, reforçando a autonomia das instituições nacionais.
\"O Brasil não aceitará intimidação e responderá à altura a qualquer medida que prejudique sua soberania econômica e política\", escreveu Lula.
O embate entre os líderes dos dois países ganhou novos contornos com a revelação de que Trump teria discutido, no início da semana, com Lula, sobre o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Brasil. A interferência foi mal recebida por autoridades brasileiras, que veem a ação como uma forma de pressão política externa indevida.
A lista completa das tarifas impostas por Trump abrange uma série de países, com percentuais variados:
África do Sul: 30%
Argélia: 30%
Bangladesh: 35%
Bósnia e Herzegovina: 30%
Brasil: 50%
Brunei: 25%
Cambodja: 36%
Cazaquistão: 25%
Coreia do Sul: 25%
Filipinas: 20%
Indonésia: 32%
Iraque: 30%
Japão: 25%
Laos: 40%
Líbia: 30%
Malásia: 25%
Myanmar: 40%
Moldávia: 25%
Sérvia: 35%
Sri Lanka: 30%
Tailândia: 36%
Tunísia: 25%
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As medidas anunciadas revivem propostas que Trump havia apresentado em abril, mas que foram suspensas temporariamente após reações negativas dos mercados financeiros. Desta vez, ao anunciar a tarifa de 50% sobre o Brasil, ele classificou a medida como “necessária para retificar as graves injustiças do regime atual”.
Por fim, Trump também informou que irá instruir o Representante Comercial dos EUA a iniciar uma investigação formal, conhecida como Seção 301, sobre as práticas comerciais digitais do Brasil, o que pode abrir um novo capítulo nas relações econômicas entre os dois países.
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O cenário, portanto, se desenha com tensão crescente entre Brasília e Washington, em meio a acusações políticas, medidas tarifárias e retaliações à vista.