Líder do PCC diz que o "PT tinha diálogo com nóis cabuloso"
Força-tarefa, batizada de Operação Cravada, teve início após indícios de ligação da facção com partidos políticos
Por Plox
10/08/2019 16h05 - Atualizado há quase 6 anos
Um líder do Primeiro Comando da Capital (PCC) afirmou, durante áudio grampeado pela Polícia Federal, que a organização criminosa “tinha um diálogo ‘cabuloso’” com o Partido dos Trabalhadores (PT). Ainda na interceptação, o integrante da facção criticou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.
A escuta telefônica entre dois presos foi alvo da PF e transcrita pelo órgão em um relatório, em operação que buscou o desmantelamento do sistema financeiro do PCC. A conversa que faz vínculo entre o PT e a facção partiu do detento Alexsandro Roberto Pereira, conhecido como ‘Elias’ e também como ‘Veio’. Os áudios foram divulgados pelo jornal O Estado de S. Paulo e pelo Jornal da Record.
Líder de facção faz referência ao Partido dos Trabalhadores, em conversa interceptada- Foto: Reprodução
Segundo Alexsandro, desde o começo do governo atual, “não há diálogo” e que o ministro Moro “veio para atrasar”. Em um trecho, o criminoso diz: “Com ‘nóis’ já não tem diálogo, não, mano. Se vocês estava [sic] tendo diálogo com outros, que estava na frente, com ‘nóis’ já não vai ter diálogo, não. Esse Moro aí, esse cara é um filha da p***, mano. Esse cara aí é um filha da p*** mesmo, mano. Ele veio para atrasar”, afirma.
Na sequência, o detento afirma que com o Partido dos Trabalhadores havia boa comunicação, como declarou: “Ele começou a atrasar quando foi pra cima do PT. Pra você ver, o PT com ‘nóis’ tinha diálogo. O PT tinha diálogo com ‘nóis’, cabuloso, mano, porque... Situação que nem dá pra ‘nóis’ ficar conversando a caminhada aqui pelo telefone, mano. Mas o PT, ele tinha uma linha de diálogo com ‘nóis’ cabulosa, mano”.
Operação Cravada
A força-tarefa, batizada de Operação Cravada, teve início após indícios de ligação da facção com partidos políticos. O núcleo financeiro da organização criminosa teria a atribuição de receber e gerenciar as contribuições para o PCC em todo o país, conforme informou a Polícia Federal. Os envolvidos atuavam em presídios de vários estados do país. Segundo a PF, foram detidas 28 pessoas suspeitas e foram bloqueadas 400 contas que teriam vínculo do PCC.
Resposta do PT
O PT, por meio de sua assessoria, disse que as conversas se tratam de uma "armação" e acusou o ministro da Justiça, lembrando as supostas mensagens vazadas em julho por um site: “Esta é mais uma armação como tantas outras forjadas contra o PT, e vem no momento em que a Polícia Federal está subordinada a um ministro acuado pela revelação de suas condutas criminosas. Quem dialogou e fez transações milionárias com criminosos confessos não foi o PT, foi o ex-juiz Sergio Moro, para montar uma farsa judicial contra o ex-presidente Lula com delações mentirosas e sem provas. É Moro que deve se explicar à Justiça e ao país pelas graves acusações que pesam contra ele.”
Atualizada às 16h08