Velório com cerveja, batuque e rituais do candomblé e roupas brancas reúne amigos de Arlindo Cruz
Quadra da Império Serrano se transformou em um ‘gurufim’ público, com música, bravura e clima de celebração espiritual
Por Plox
10/08/2025 10h27 - Atualizado há 2 dias
Na noite de 9 de agosto de 2025, a quadra da Império Serrano, em Madureira, Zona Norte do Rio, se transformou em um palco pulsante de memória e tradição dos terreiros de candomblé. Foi ali que teve início o velório de Arlindo Cruz em formato de "gurufim", costume ancestral e típico da cultura afro-brasileira, marcado por música, muita bebida e celebração coletiva.

Além de exaltar o samba, a família do artista solicitou que os participantes se vestissem com roupas claras — gesto simbólico de luz, paz e reverência pela trajetória do sambista. A cerimônia, aberta ao público, recebeu fãs e celebridades que demonstraram carinho e emoção na despedida de um ícone.

Desde cedo, admiradores se reuniam na entrada da escola de samba, cantando clássicos como "O Show Tem Que Continuar", embalados pela memória e contagiante energia de Arlindo Cruz
No interior da quadra, os momentos foram reservados para familiares e amigos próximos — incluindo Arlindinho, Flora, Zeca Pagodinho, Regina Casé e o biógrafo Marcos Salles — em uma homenagem íntima e afetiva.
O "gurufim" é uma despedida que, para os adeptos do candomblé, busca afastar a tristeza com alegria, evocando ancestralidade, fé e resistência cultural. Originado na religiosidade afro-brasileira e difundido entre sambistas, esse tipo de velório é, para eles, uma marca do respeito à vida e à memória do morto, celebrando sua passagem com o poder da música e da coletividade.

A cerimônia se estendeu até a manhã seguinte, quando, no domingo (10/8). O sepultamento estava previsto para ocorrer no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap. O prefeito do Rio decretou luto oficial de três dias e anunciou que o futuro Parque Piedade será batizado de Parque Piedade Arlindo Cruz, em homenagem ao legado do artista.
Arlindo Cruz morreu em 8 de agosto de 2025, aos 66 anos, vítima de falência múltipla de órgãos em decorrência das sequelas de um AVC em 2017 e de complicações por pneumonia.
A mistura de celebração ritmada, lembranças calorosas e espiritualidade foi o adeus que, segundo a família, Arlindo Cruz desejava.