Fumaça das queimadas avança pelo Brasil e deve atingir países vizinhos

O Brasil enfrenta uma situação crítica devido à intensa fumaça gerada por queimadas que assolam diversas regiões do país. Esse fenômeno já cobre mais de 60% do território nacional e está se espalhando para países vizinhos como Paraguai, Bolívia e Argentina. A estimativa é que a fumaça também alcance o Uruguai e o centro-norte da Argentina nos próximos dias, agravando a qualidade do ar em uma vasta região da América do Sul.

Escalada histórica de queimadas
O Brasil registra o maior número de queimadas em 14 anos. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), entre janeiro e 7 de setembro de 2024, foram identificados 156.023 focos de incêndio, especialmente na Amazônia, no Pantanal e no Cerrado. O cenário é impulsionado pelo calor extremo e a seca prolongada, com temperaturas superiores a 40°C em diversas áreas do país.

Ventos e propagação internacional
A Climatempo alerta que ventos a 1,5 km de altitude estão carregando a fumaça para o sul, com forte impacto já registrado no Rio Grande do Sul. Esses ventos facilitam o deslocamento da fumaça em direção à Argentina, onde ela se mistura com poluentes de incêndios locais, criando uma extensa nuvem que afeta também outras nações, como Peru e Bolívia.

Duração e efeitos da fumaça
Sem previsão de chuvas regulares, a fumaça deve persistir até pelo menos outubro, podendo se estender até novembro. Karla Longo, pesquisadora do Inpe, destaca que a área afetada pela fuligem já soma 5 milhões de km². As regiões mais atingidas estão no Norte do Brasil, especialmente nos estados do Pará, Amazonas e Acre. Cidades como Rio Branco e Porto Velho registram os piores índices de qualidade do ar do país.

Impactos nas principais cidades
São Paulo, maior metrópole brasileira, aparece como a cidade com maior concentração de poluentes no mundo, de acordo com a plataforma IQAir, refletindo a gravidade da situação em áreas urbanas. As queimadas não apenas afetam a saúde respiratória da população, mas também agravam a crise ambiental e as condições de vida em várias regiões do país.

Respostas governamentais e combate ao fogo
O governo brasileiro já enviou uma missão humanitária com 62 bombeiros para a Bolívia, em uma operação coordenada pelo Ministério das Relações Exteriores, com o objetivo de controlar os incêndios na região da fronteira. A ação também visa impedir que o fogo se alastre para o Pantanal brasileiro. A base de operações foi estabelecida em San Ignacio de Velasco, no departamento de Santa Cruz, a 315 quilômetros da fronteira com o Brasil.

A missão envolve a Força Nacional de Segurança Pública e o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal, além da cooperação de órgãos como Ibama e ICMBio. Apesar dos esforços, os números permanecem alarmantes, com 112 focos de incêndio recentemente identificados no Pantanal, dos quais 18 ainda estão ativos.

Seca agrava crise ambiental
A seca severa, a pior em 44 anos, é um dos fatores que intensificam as queimadas, segundo o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais). Agosto de 2024 já foi considerado o pior mês para incêndios em mais de uma década, com 68.635 ocorrências registradas, um aumento de 144% em relação a 2023.