Dólar sobe com temor de sanções dos EUA após julgamento no STF

Cotação da moeda americana ultrapassa R$ 5,43 em meio ao julgamento de Jair Bolsonaro e receios de represálias do governo Trump

Por Plox

10/09/2025 11h19 - Atualizado há 3 dias

O dólar teve um avanço nesta terça-feira (9) e encerrou o dia cotado a R$ 5,4363, em meio a um cenário de incertezas que tomou conta do mercado financeiro. Mesmo com queda da moeda norte-americana frente a outras divisas da América Latina, e apesar do aumento nos preços do petróleo e do minério de ferro, a moeda americana subiu 0,35% em relação ao real, oscilando entre R$ 5,4151 e R$ 5,4394.


Imagem Foto: STF


Essa elevação foi atribuída, em grande parte, à apreensão dos investidores quanto aos desdobramentos do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), acusado de tentar articular um golpe de Estado. Com baixa liquidez, o mercado mostrou pouca disposição ao risco, segundo operadores.


O temor de que a condenação de Bolsonaro possa desencadear sanções econômicas dos Estados Unidos, especialmente sob o governo de Donald Trump, contribuiu para o movimento de alta. Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora, destacou que a convocação virtual do Brics feita por Lula nesta segunda-feira (8) aumentou o clima de cautela.


\"O mercado está claramente buscando proteção, o que segura esse dólar acima de R$ 5,40. A liquidez baixa mostra que há pouca disposição para tomar riscos\"

, comentou Galhardo.


Na análise da economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese, a influência do julgamento em si é limitada, mas o receio de possíveis sanções externas acaba impactando o comportamento do real. Ela também mencionou que a taxa Selic elevada ainda sustenta a atratividade do carry trade, ajudando a conter uma depreciação mais acentuada da moeda brasileira.


\"Hoje e na semana inteira o Real pode se descolar do exterior não tanto pelo julgamento de Bolsonaro, já que o resultado em si não deve surpreender, mas por medo de novas sanções de Trump\"

, explicou Veronese.

No STF, o relator Alexandre de Moraes votou pela condenação de Bolsonaro e de sete outros acusados, incluindo o general Braga Neto e Mario Cid, ex-ajudante de ordens do Planalto. O ministro Flávio Dino também acompanhou o voto do relator. O julgamento terá continuidade nesta quarta-feira (10), a partir das 9h.



Enquanto isso, nos Estados Unidos, o índice DXY – que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes – teve leve alta de 0,35%, indicando uma recuperação parcial após perdas recentes. A elevação ocorreu apesar da revisão para baixo nos dados de geração de empregos, com o Departamento do Trabalho cortando 911 mil vagas previstas até 2025, conforme atualização preliminar do payroll.


Em paralelo, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, voltou a criticar a atuação do Federal Reserve, afirmando que o presidente Trump tem razão ao dizer que as altas taxas de juros estão sufocando o crescimento econômico americano.



Os investidores seguem atentos aos próximos indicadores de inflação – tanto no atacado quanto no varejo – que serão divulgados nos próximos dias. Esses dados devem influenciar as apostas em relação ao possível corte na taxa básica pelo Fed, previsto para ocorrer em 17 de setembro.


A economista Helena Veronese acredita em três reduções consecutivas de 25 pontos-base ainda neste ano, considerando sinais de desaceleração na economia dos EUA.


\"O cenário ainda é de dólar fraco no mundo, com o corte de juros pelo Fed e pela própria política econômica de Trump. O comportamento da moeda aqui vai depender no curto prazo de possíveis novas sanções americanas\"

, completou.


No acumulado de setembro, o dólar registra uma alta de 0,26%, mas, no ano, ainda apresenta queda de 12,04%.


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