Filho atropela e mata mãe intencionalmente, conclui Polícia Civil do RJ
A polícia aponta feminicídio e histórico de agressões em denúncia contra estudante de medicina, acusado de matar a mãe em Campos dos Goytacazes
Por Plox
10/11/2024 12h06 - Atualizado há cerca de 2 meses
Após investigações, a Polícia Civil do Rio de Janeiro concluiu que Carlos Eduardo Tavares de Aquino Cardoso, estudante de medicina de 32 anos, agiu com a intenção de matar sua mãe, Eliana de Lima Tavares Cardoso, de 59 anos, ao atropelá-la em Campos dos Goytacazes, no bairro Jardim Carioca, no Norte Fluminense. A vítima estava em uma bicicleta elétrica na noite de 28 de outubro, quando foi atingida pelo veículo conduzido por seu filho. O Ministério Público denunciou o caso à Justiça, e Carlos Eduardo agora é réu por feminicídio.
Histórico de agressões e ameaças
De acordo com as investigações, Eliana Tavares já vinha sendo vítima de agressões dentro da própria casa. Em um dos episódios documentados em vídeo, Carlos Eduardo aparece discutindo com a mãe após pedir R$ 5, proferindo insultos e ameaças graves: “Morre logo, sua desgraçada! Morre logo, desgraçada! (...) 'É' cinco reais, você é um lixo!”, expressou o acusado. Este episódio foi citado pelo delegado Carlos Augusto Guimarães, responsável pelo caso, como parte das provas que apontam para uma ação deliberada e violenta.
Tentativa de fuga e acidente com múltiplos feridos
Após o atropelamento, Carlos Eduardo tentou fugir da cena do crime, conforme apontam os registros policiais. Em sua tentativa de escapar, ele colidiu com outro veículo, resultando em ferimentos para cinco pessoas que estavam no carro atingido. Eliana morreu no local do atropelamento, e as circunstâncias da fuga foram utilizadas pela polícia para reforçar a acusação de que o ato foi intencional e consciente.
Provas e elementos que indicam intenção
O delegado Guimarães destacou que o grande desafio da investigação foi comprovar a intenção do acusado, dado que inicialmente o caso poderia ser interpretado como um acidente de trânsito. “O nosso maior desafio foi, justamente, comprovar o elemento subjetivo, a intenção, o dolo da conduta dele. Porque, inicialmente, se apresentava como um acidente de trânsito, mas, na verdade, verificamos depois seis fatores que a gente colocou na investigação que comprovam que ele agiu com vontade de matar essa mãe”, afirmou o delegado em entrevista ao g1.
Entre os elementos apontados pela polícia estão o comportamento do acusado no momento do crime, como a utilização anormal do veículo e a aceleração constante na reta onde ocorreu a colisão. Além disso, a falta de qualquer reação emocional diante da morte da mãe e o desrespeito à condição de mulher da vítima fortaleceram a conclusão das autoridades sobre a intenção de matar.
Uso de entorpecentes e contexto familiar
A Polícia Civil também considera que o acusado estava sob o efeito de drogas no momento do atropelamento, fato que contribuiu para a denúncia de outros crimes, além do feminicídio. O histórico de uso de substâncias entorpecentes e as agressões sofridas por Eliana Tavares ao longo do tempo reforçam a gravidade das acusações e o risco que Carlos Eduardo representava para a mãe e para outras pessoas.
Carlos Eduardo agora enfrenta acusações de feminicídio, lesões corporais culposas pelas vítimas feridas durante a fuga e direção sob efeito de substâncias ilícitas, com o caso aguardando o andamento da Justiça.