Meta AI no WhatsApp: como a tecnologia de IA impacta a privacidade das suas conversas

A introdução da Meta AI no Brasil, oferecendo recursos como criação de figurinhas, edição de fotos e interação direta com um assistente virtual, gerou dúvidas sobre a privacidade de conversas no WhatsApp. Com foco na proteção de dados, a Meta esclarece quais informações a IA acessa e como utiliza os dados dos usuários.

Meta AI e criptografia de ponta a ponta no WhatsApp

Um dos pontos mais sensíveis é a questão da privacidade das mensagens no WhatsApp, que, desde 2016, utiliza criptografia de ponta a ponta em todas as suas interações. Isso significa que qualquer mensagem enviada é protegida para que apenas o remetente e o destinatário possam acessá-la. A Meta explica que o aplicativo cria um par de chaves criptográficas exclusivo para cada dispositivo — uma chave pública compartilhada com os contatos e uma chave privada que permanece no aparelho do usuário. Esse sistema de segurança assegura que as mensagens sejam criptografadas no envio e descriptografadas apenas pelo receptor, impossibilitando que terceiros, inclusive a Meta e a própria inteligência artificial, acessem o conteúdo.

A empresa afirma que a Meta AI não tem permissão para ler as conversas privadas entre usuários. O assistente virtual apenas acessa mensagens que mencionam "@Meta AI" ou que são enviadas em interações diretas com a própria IA. Portanto, conteúdos fora desses contextos específicos estão protegidos pela criptografia e inacessíveis à IA.

Uso de dados públicos e consentimento dos usuários

A Meta AI é alimentada por um modelo de linguagem avançado, o Llama 3.2, que se baseia em um conjunto massivo de dados coletados da internet, além de conteúdos públicos postados nas plataformas do Facebook e Instagram. No entanto, para o uso desses dados no Brasil, a empresa enfrentou questionamentos da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) devido às exigências da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Após negociações, a Meta se comprometeu a implementar um plano de conformidade, assegurando aos usuários transparência sobre a coleta e o uso dos dados, o direito de oposição e a exclusão de informações de menores de idade.

Em agosto de 2024, a ANPD permitiu que a Meta retomasse a coleta de dados para o treinamento da IA, com a condição de que os usuários forneçam consentimento explícito e possam se opor ao uso de seus dados. Esse consentimento se aplica, por exemplo, a dados públicos de postagens nas redes sociais e às interações realizadas diretamente com o assistente virtual.

Armazenamento e uso de dados no treinamento da IA

Ainda existem incertezas sobre o armazenamento e o uso de dados pela Meta AI. A empresa não detalha se todas as interações com a IA são armazenadas permanentemente ou se alguns dados específicos são selecionados para o treinamento. Para garantir maior segurança, os usuários podem exercer o direito de oposição ao uso de seus dados para treinamento da IA, preenchendo formulários específicos para o WhatsApp, Facebook e Instagram. Caso o usuário opte por essa alternativa, suas interações não serão mais consideradas para fins de treinamento, embora a IA continue disponível para uso sem coleta de dados.

Impossibilidade de remover a Meta AI e o direito de oposição

Outro ponto polêmico é que a Meta AI não pode ser desativada ou removida do WhatsApp, conforme confirmado pela ANPD. A agência esclareceu que, embora não tenha estabelecido um acordo com a Meta sobre essa impossibilidade de remoção, a presença da IA no aplicativo não viola a LGPD, desde que a coleta de dados seja feita com o consentimento dos usuários.

Especialistas como Lucas Maldonado, da FGV, destacam que a LGPD assegura aos titulares o direito de obter informações claras e detalhadas sobre o tratamento de seus dados pessoais. Ele pontua que a Meta deve oferecer transparência sobre quais dados são utilizados e por quanto tempo são armazenados, esclarecimento que ainda gera dúvidas entre os usuários.

Transparência e segurança nas interações com a Meta AI

A Meta reforça que os dados pessoais do WhatsApp não são vinculados às informações do Facebook ou Instagram, e que os usuários são informados sobre a coleta de dados antes e durante as interações com a IA. Além disso, a empresa alerta para a possibilidade de dados enviados à IA serem usados no aprimoramento da tecnologia, recomendando que os usuários evitem compartilhar informações pessoais sensíveis nas conversas com o assistente virtual.

A Meta segue, assim, o compromisso de aperfeiçoar a segurança dos dados e manter a conformidade com a legislação brasileira, buscando equilibrar o uso da IA com as expectativas de privacidade e segurança dos usuários no WhatsApp e demais plataformas.