O Banco Central anunciou nesta segunda-feira (10) um novo conjunto de regras para a autorização e a atuação de empresas que prestam serviços com ativos virtuais, como criptoativos, no Brasil. A partir dessas normas, passam a ser reconhecidas as Sociedades Prestadoras de Serviços de Ativos Virtuais (SPSVAs), que atuarão sob rigorosa supervisão da autoridade monetária.
Regras visam transparência e prevenção de crimes financeiros
As novas diretrizes determinam que as prestadoras de serviços com ativos virtuais atendam à legislação referente à transparência nas relações com os clientes, prevenção à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo. Também serão exigidos padrões de governança, segurança, controles internos e prestação de informações adequadas.
De acordo com o diretor de Regulação do Banco Central, Gilneu Vivan, a implementação dessas normas irá ampliar a segurança dos investidores e inserir as negociações com ativos virtuais no mercado regulado do país. As empresas estarão sujeitas à autorização, supervisão e acompanhamento do Banco Central.
Outra coisa importante é que a gente passa a inserir as negociações com ativos virtuais dentro do nosso mercado regulado. Medidas que vão reduzir o espaço para golpes, fraudes e uso desse mercado para lavagem de dinheiro
Gilneu Vivan, do Banco Central
Classificação das entidades e principais exigências
As SPSVAs classificam-se em três categorias: intermediárias, de custódia e corretoras de ativos virtuais. Cada tipo de sociedade deverá seguir as exigências específicas estipuladas pelo Banco Central, incluindo a adoção de padrões rígidos de segurança cibernética e proteção de dados.
As normas definem que as entidades devem adotar medidas para identificar possíveis práticas ilícitas, como manipulação de preços, uso de informação privilegiada, lavagem de dinheiro e outros crimes financeiros. Essas exigências ampliam as barreiras contra fraudes, golpes e mecanismos de ocultação de recursos de origem ilegal por meio de criptoativos.
Impacto das novas regras e alinhamento internacional
O Banco Central destaca que as novas normas alinham o Brasil às melhores práticas globais de regulação do mercado de ativos virtuais. Segundo Gilneu Vivan, trata-se de um marco relevante para o setor, com a instituição de regras claras voltadas à segurança e transparência.
A regra é um marco muito relevante na segurança, pois a gente traz regras explícitas para que as prestadoras de serviços tenham mecanismos para identificar mau uso, práticas espúrias, manipulação de preços e uso de informação privilegiada. Tem um bloco dedicado à segurança cibernética. Elas devem seguir padrões rígidos de proteção de dados
Gilneu Vivan, do Banco Central
Atualização do mercado cambial e operações com criptoativos
O conjunto de regras divulgado pelo Banco Central também atualiza os processos de autorização para segmentos tradicionalmente regulados pelo Conselho Monetário Nacional. Passam a integrar esse novo escopo as sociedades corretoras de câmbio, corretoras e distribuidoras de títulos e valores mobiliários.
O Banco Central informou que foram criadas regras gerais para todos esses segmentos, além de normas específicas para garantir uma das SPSVAs.
A partir de agora, são consideradas operações de câmbio no mercado nacional algumas movimentações realizadas com ativos virtuais, como:
- Pagamentos ou transferências internacionais com ativos virtuais;
- Transferências para cumprir obrigações decorrentes do uso internacional de cartões ou outros meios de pagamento eletrônico;
- Transferências de ativos virtuais para ou a partir de carteiras autocustodiadas, desde que haja identificação do proprietário e procedimentos documentados sobre a origem e o destino dos recursos;
- Compra, venda ou troca de ativos virtuais referenciados em moeda fiduciária.
Com essas medidas, o Brasil amplia sua estrutura regulatória de proteção aos usuários do mercado de criptoativos e fortalece mecanismos de prevenção a práticas ilícitas nesse setor em expansão.