Educação

Caiu no Enem 2025: questões abordam Paolla Oliveira, padrões de beleza, Paulinho da Viola e carros elétricos

Educadores avaliam prova como acessível, com temas sobre desigualdade, saúde mental e o envelhecimento no Brasil, além da valorização da cultura afro-brasileira.

10/11/2025 às 08:37 por Redação Plox

O primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025 foi considerado de dificuldade fácil por professores e trouxe questões que abordaram temas como desigualdade, gênero, meio ambiente e religião. A prova contou ainda com referências a personalidades conhecidas, debates sobre questões étnico-raciais e discussão sobre o papel das mulheres na sociedade.

Caderno de questões do Enem

Caderno de questões do Enem

Foto: Reprodução

Pergunta referente a Paolla Oliveira no Enem 2025

Pergunta referente a Paolla Oliveira no Enem 2025

Foto: Reprodução/X @vahzit


Temas presentes no Enem 2025

Entre os tópicos destacados por professores e estudantes estão:

  • Padrão de beleza imposto às mulheres, com exemplos de atrizes como Paolla Oliveira e Margot Robbie;
  • Envelhecimento da população brasileira e combate a estereótipos sobre a velhice;
  • Debate sobre inclusão e saúde mental no esporte, com referência à skatista Rayssa Leal;
  • Questões promovendo diálogo entre Bíblia e Alcorão, comparando visões sobre trabalho e ciência;
  • Temas ambientais e energéticos, como concentração de CO2, desmatamento e carros elétricos;
  • Desigualdade racial e valorização da cultura afro-brasileira;
  • Uma crônica extensa utilizada como base para cinco questões de interpretação.

Padrão de beleza e protagonismo feminino no exame

A prova trouxe debates sobre padrões de beleza, citando as atrizes Paolla Oliveira e Margot Robbie, e como o padrão estético ainda condiciona a imagem pública das mulheres. Uma das questões mencionou críticas à aparência de Paolla Oliveira, enquanto Margot Robbie foi citada no contexto da discussão sobre beleza e representatividade em papéis culturais.

Com vários exemplos de discussão sobre a presença e o papel da mulher, a avaliação abordou também outros temas de impacto social, como envelhecimento e combate a estereótipos, exemplificados por campanhas que propõem novas representações de idosos em espaços públicos. Questões relativas à inclusão e saúde mental no esporte também marcaram presença, com destaque para a diversidade e a acessibilidade.

Chamou atenção o destaque dado às questões relacionadas à mulher, que apareceram tanto em Ciências Humanas quanto em Linguagens — Raul Celestino de Toledo, coordenador pedagógico do Poliedro Curso

A valorização da cultura afro-brasileira e discussões étnico-raciais tiveram espaço significativo. Segundo relatos, ao menos cinco questões giraram em torno desse universo.

Análise sobre a dificuldade da prova

Para muitos especialistas, a prova foi equilibrada, com textos mais curtos e questões objetivas, sem grandes alterações no formato tradicional. Raul Celestino de Toledo apontou que o Enem de 2025 manteve o ritmo esperado e não trouxe questões consideradas de alta complexidade. O destaque ficou para o equilíbrio e para a redução da quantidade de leitura exigida dos candidatos, facilitando o desempenho.

No fim das contas, foi uma prova equilibrada, com bom ritmo e dentro do esperado — Raul Celestino de Toledo

Por outro lado, alguns consideraram a edição deste ano mais técnica. Para Vinicius Beltrão, o exame exigiu mais profundidade interpretativa tanto em Linguagens como em Ciências Humanas.

Entendi a prova de Ciências Humanas como mais técnica, portanto mais difícil no nível interpretativo — Vinicius Beltrão

Linguagens e códigos: camadas de interpretação e novidades

As questões de Linguagens exigiram interpretação em diversas camadas, com perguntas menos óbvias e maior profundidade. O exame abordou variação linguística, cultura afro-brasileira e, como novidade, trouxe uma questão que comparava trechos da Bíblia e do Alcorão para discutir concepções de trabalho — um ineditismo apontado por professores. A presença de textos religiosos nas questões chamou atenção dos especialistas.

A interdisciplinaridade esteve presente, assim como desafios relacionados à transformação digital, comunicação e diversidade linguística. Uma crônica de 45 linhas serviu como base para cinco questões, trazendo reflexões sobre tecnologia e o hábito de escrever à mão, o que surpreendeu docentes por fugir do padrão habitual do Enem.

Na prova de português, textos mais curtos e questões objetivas foram predominantes. Houve forte presença de temas sociais, como saúde mental e representatividade, inclusive com perguntas envolvendo a fala de atletas negras brasileiras e variação regional de termos como “canjica”. Uma das artes citadas tratava do retrato de figuras históricas negras, destacando identidade e visibilidade.

Línguas estrangeiras: abordagem social e cultural

Para quem optou pelo inglês, a prova trouxe discussões sobre Angela Davis, a questão indígena, poemas e análise sobre apropriação cultural. O exame de espanhol manteve o padrão de dificuldade, incluindo uma música sobre exploração dos trabalhadores, questões gramaticais e diversidade de vocabulários entre Espanha e América Latina. Apenas uma charge apareceu, e foi nesta prova, segundo professores.

Geografia: ênfase ambiental domina a prova

Os temas ambientais marcaram fortemente a prova de Geografia, com ênfase em questões sobre CO2, desmatamento, sensoriamento remoto para monitoramento de incêndios e impactos de mudanças ambientais em rios e navegação fluvial. A transição energética e os carros elétricos também foram abordados, refletindo atualidades do setor.

Geografia clássica, urbana, rural e transportes também foram cobrados, além de um caso polêmico envolvendo desapropriação de fazenda por crimes ambientais e trabalho análogo à escravidão. A predominância dos temas ambientais compensou a menor presença de questões sobre geopolítica.

História: questões raciais, culturais e religiosas

Na avaliação de História, a prova deste ano se destacou por exigir maior domínio de conteúdo e menos interpretação em comparação aos anos anteriores. Questões raciais, culturais e de patrimônio foram recorrentes, assim como o diálogo entre diferentes religiões.

Três questões abordaram religião, inclusive comparando as visões cristã, judaica e islâmica a respeito do trabalho e a diversidade de proibições e aceitação dentro das práticas religiosas. Religiões de matriz africana também integraram discussões sobre racismo, reforçando o caráter interdisciplinar do exame.

Neste ano, não houve questões sobre a ditadura militar e a presença da História do Brasil ficou restrita a menções pontuais a períodos como monarquia, era Vargas e período colonial.

Filosofia e Sociologia: clássicos e contemporâneos

A prova de Filosofia e Sociologia manteve o perfil interdisciplinar e trouxe temas clássicos da tradição filosófica política e moral, como as ideias de Heráclito, Platão, e Aristóteles sobre cidade ideal e formas de governo. Autores modernos e contemporâneos, como Paul Collier, David Hume, Michel Foucault, Jeremy Bentham e Jacques Derrida também estiveram presentes, promovendo discussões entre capitalismo, racionalidade, disciplina, punição, direito e justiça.

O exame cobrou, ainda, relações entre ética e literatura, a partir de textos como o de Clarice Lispector sobre infância, além de temas sobre política, direitos, cultura e religião, refletindo a abordagem social e interpretativa característica do Enem.

Redação: o envelhecimento na sociedade brasileira

A proposta de redação deste ano tratou do tema “Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira”, em linha com discussões presentes na própria prova. Um dos textos de apoio citava reportagem sobre os desafios enfrentados por idosos de baixa renda.

Em 2025, houve aumento expressivo no número de idosos inscritos: 17.192 participantes, o que representa 191% a mais que em 2022. Os estados com maior contingente de idosos candidatos foram Rio de Janeiro (3.087), São Paulo (2.367) e Minas Gerais (1.997).

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