Saúde

Novo estudo descarta ligação entre paracetamol na gravidez e autismo

Pesquisa de grande escala publicada no BMJ reforça segurança do paracetamol para gestantes e refuta especulações, incluindo alegações recentes feitas por Donald Trump.

10/11/2025 às 10:57 por Redação Plox

Um estudo de grande abrangência publicado na revista British Medical Journal (BMJ) afirma que não existem evidências que apontem para um vínculo entre o consumo de paracetamol durante a gravidez e o desenvolvimento de transtornos do espectro autista em crianças.

Nos Estados Unidos, o consumo anual de paracetamol ultrapassa 49.000 toneladas

Nos Estados Unidos, o consumo anual de paracetamol ultrapassa 49.000 toneladas

Foto: Reprodução/Freepik

Estudo contraria afirmações sobre paracetamol e autismo

A publicação refuta alegações feitas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que sugerira uma relação entre o uso do medicamento e o autismo, sem apresentar comprovação científica. A análise ressalta que não há dados suficientes para confirmar qualquer ligação entre a exposição ao paracetamol no útero e o autismo ou o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) durante a infância.

Especialistas e OMS reforçam consenso científico

As declarações de Trump, em que ele recomendava que gestantes evitassem o paracetamol, foram questionadas por membros da comunidade científica. Organizações como a Organização Mundial da Saúde (OMS) também reiteraram que não existe comprovação do vínculo entre o medicamento e o autismo. O novo estudo reforça esse entendimento consolidado no meio científico.

Analgésico seguro e revisão guarda-chuva

O paracetamol, comercializado em marcas como Panadol e Tylenol, é apontado como o analgésico mais indicado para mulheres grávidas, ao contrário da aspirina e do ibuprofeno, que oferecem riscos já comprovados ao feto.

A análise vista na BMJ não traz novas pesquisas originais, mas apresenta uma perspectiva detalhada e atualizada sobre o conhecimento existente no tema. A chamada “revisão guarda-chuva” reúne resultados de diversos estudos anteriores, compilando o que se sabe até agora.

Qualidade das pesquisas anteriores é questionada

Os autores da revisão destacam que, embora alguns estudos indiquem um possível elo entre paracetamol e autismo, a qualidade dessas pesquisas é considerada baixa ou extremamente baixa. Na maioria dos casos, os estudos não excluem outros fatores relevantes, como predisposições genéticas ou condições pré-existentes de saúde das mães.

Assim, não é possível afirmar que exista uma relação de causa e efeito direta. Na prática, torna-se difícil separar efeitos do medicamento de outros aspectos, como as doenças que motivaram o uso do paracetamol pelas gestantes.

Estudo frequentemente citado segue inconclusivo

Entre as referências analisadas, destaca-se uma pesquisa publicada em 2025 pela revista Environmental Health, que é recorrente em discussões políticas. O estudo mencionou uma correlação entre o uso materno de paracetamol e o registro posterior de autismo nas crianças, mas alertou que não era possível determinar uma relação causal.

Especialistas reconhecem rigor da revisão publicada

É baseado em uma metodologia de alta qualidade que confirma o que especialistas repetem em todo o mundo Dimitrios Sassiakos, professor de Obstetrícia na University College London, ao Science Media Center britânico

O trabalho divulgado pela BMJ foi elogiado por especialistas pelo rigor metodológico e por consolidar evidências já reconhecidas internacionalmente sobre a segurança do uso do paracetamol durante a gestação.

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