Polícia

Veja o que se sabe sobre morte de mulher trans que teve corpo deixado em delegacia

Rhianna Alves, blogueira de 18 anos, foi assassinada após discussão com jovem de 19; suspeito confessou crime, alegou legítima defesa e responde em liberdade enquanto autoridades e entidades acompanham o caso

10/12/2025 às 06:41 por Redação Plox

A Polícia Civil da Bahia (PC-BA) investiga o assassinato de uma mulher trans de 18 anos, identificada como Rhianna Alves, em Luís Eduardo Magalhães, no oeste do estado. O crime ocorreu no último sábado (6), após uma suposta discussão entre a vítima e o suspeito, apontado como Sérgio Henrique Lima dos Santos, de 19 anos.

Mesmo após confessar ter matado a jovem, o suspeito seguia em liberdade até a última atualização.

O caso, investigado como feminicídio, gerou forte repercussão nas redes sociais e mobilizou órgãos públicos e entidades de direitos humanos.


Motorista de aplicativo admitiu ter assassinado uma mulher trans em Luís Eduardo Magalhães

Motorista de aplicativo admitiu ter assassinado uma mulher trans em Luís Eduardo Magalhães

Foto: Reprodução/Redes Sociais

Quem era a vítima

Moradora de Luís Eduardo Magalhães, Rhianna se apresentava nas redes sociais como blogueira e costumava mostrar o dia a dia para mais de 5 mil seguidores. A jovem tinha 18 anos.

O corpo de Rhianna foi sepultado na terça-feira (9), em América Dourada, cidade onde vive a família, a cerca de 430 km de Salvador.

Quem é o suspeito

Apontado pela polícia como autor do crime, Sérgio Henrique trabalha como motorista por aplicativo e também em um lava-jato no município de Barreiras, no oeste da Bahia.

O g1 tentou contato com o jovem e com a defesa dele, mas não obteve retorno.

Qual é a versão do suspeito

Em depoimento, Sérgio Henrique afirmou que buscou Rhianna para ter relações sexuais e que, no trajeto de volta para casa, houve uma discussão. A vítima teria ameaçado expor a relação entre os dois e acusá-lo de estupro.

Segundo o relato dado à polícia, o suspeito diz que aplicou um golpe do tipo “mata-leão” depois que Rhianna fez um movimento indicando que pegaria algum objeto na bolsa.

Após o golpe, ele dirigiu até a delegacia e pediu socorro aos policiais, que acionaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Rhianna, no entanto, já estava morta.

Por que o suspeito não foi preso

Diante do relato apresentado à polícia, o suspeito alegou legítima defesa. Em nota, a corporação informou que ele foi liberado “em razão de ter se apresentado espontaneamente e confessado o crime”.

À TV Bahia, o advogado criminalista Miguel Bonfim explicou que a legislação brasileira prevê que, em situações como essa, não há prisão em flagrante, e que a regra é que o investigado responda ao processo em liberdade, salvo decisão judicial em sentido contrário.

Nossa constituição prevê que ninguém poderá ser preso se não em flagrante delito ou por decisão judicial competente e bem fundamentada. A regra, na verdade, no ordenamento jurídico brasileiro é que a pessoa responda o processo em liberdade. [...] Por mais infeliz e repugnante que isso possa parecer, a nossa legislação, sobretudo a Constituição Federal, prevê a presunção de inocência até o trânsito em julgado.

Miguel Bonfim

Como o caso é investigado

De acordo com a Polícia Civil, o caso é apurado como feminicídio pela delegacia de Luís Eduardo Magalhães. Em nota, a instituição informou que testemunhas estão sendo ouvidas e outras diligências são realizadas para esclarecer o que aconteceu, sem detalhar as linhas de apuração.

Repercussão e atuação de órgãos

O assassinato de Rhianna provocou grande comoção nas redes sociais e foi comentado por figuras públicas, como a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP). A Secretaria de Justiça e Direitos Humanos da Bahia (SJDH) divulgou nota informando que irá acompanhar o caso e cobrar celeridade nas investigações.

O Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) também afirmou, em nota, que acompanha o inquérito conduzido pela Polícia Civil e que vai requisitar informações necessárias para adotar as medidas cabíveis.

A ocorrência é acompanhada ainda pela Comissão de Diversidade Sexual e Gênero da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Bahia.

Para o presidente da comissão, Ives Bittencourt, o caso gera forte incômodo entre os integrantes do grupo e na OAB-BA como um todo, que pretende manter a atuação próxima às investigações.

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