Uso da Tribuna em Legislativos Brasileiros vira palco para redes sociais

Nos Legislativos pelo Brasil, uma nova prática tem ganhado força: parlamentares utilizam o tempo de fala nas tribunas para abordar temas que não correspondem às pautas em discussão. Este comportamento, visando mais às redes sociais do que ao debate legislativo, tem causado controvérsia.

Recentemente, em meio à discussão sobre a adesão de Minas ao Regime de Recuperação Fiscal, um deputado desviou o assunto para falar sobre a legalização dos jogos, o que depois reverberou em suas redes sociais. Esta abordagem tem sido tão recorrente que a reportagem optou por não nomear o deputado, para não individualizar uma prática generalizada.

Impactos no Debate Político

A cientista política Juliana Fratini expressa preocupação: “Vejo isso como um problema grande, porque não se faz uma política focada na resolução de questões do dia a dia da população. O corpo legislativo procura apenas inflamar a sua base eleitoral pela via emocional”, diz ela, autora do livro “Ideologia: Uma pra Viver”.

Um deputado da base de Romeu Zema (Novo), falando anonimamente, também critica essa prática. Ele relata que colegas usam a tribuna para falar de “ideologia de gênero”, mas negligenciam a defesa de interesses governamentais.

Opiniões Divididas

O fenômeno divide opiniões entre os parlamentares. Mário Heringer (PDT-MG) vê como perda de tempo, afirmando: “A tribuna é uma vitrine. O que incomoda é a fuga do tema para fazer debate político-partidário”.

Enquanto isso, Leleco Pimentel (PT) enxerga a necessidade de regulamentação, pois tais discursos afastam-se da realidade dos eleitores.

Por outro lado, Cristiano Silveira (PT-MG) defende o uso da tribuna para tratar de temas com ressonância social, mesmo que não relacionados à matéria em discussão.

Visões Contrastantes sobre Regulamentação

Enquanto alguns parlamentares veem a necessidade de regulamentar essa prática, outros, como a deputada estadual Delegada Sheila, argumentam que cada deputado tem a liberdade de usar o tempo de tribuna como desejar, cabendo ao presidente controlar desvios.