Endividada, Bombril entra com pedido de recuperação judicial

Empresa busca reestruturar dívidas de R$ 2,3 bilhões enquanto enfrenta disputas tributárias e desafios operacionais.

Por Plox

11/02/2025 11h42 - Atualizado há cerca de 1 mês

A Bombril entrou com pedido de recuperação judicial nesta segunda-feira (10), juntamente com outras empresas do seu grupo econômico. O requerimento foi apresentado à 1ª Vara Regional Empresarial e de Conflitos Relacionados à Arbitragem da 1ª Região Administrativa Judiciária de São Paulo e teve autorização do conselho de administração da companhia no mesmo dia.

Em comunicado oficial, a empresa destacou que a decisão busca viabilizar um processo organizado de negociação com credores para reestruturar sua dívida. "Tal medida está sendo tomada, no melhor interesse da companhia, para conduzir, de forma organizada, um procedimento abrangente de negociação com todos os interessados para adequação de sua estrutura de endividamento", informou a Bombril em fato relevante divulgado recentemente.

Foto: Reprodução

O pedido ocorre cerca de dois anos após a empresa descartar essa possibilidade, quando optou por uma cessão de direitos creditórios no valor de R$ 300 milhões, o que já havia gerado preocupação no mercado. Agora, a companhia afirma que, por meio da recuperação judicial, conseguirá manter suas operações e reestruturar suas dívidas de maneira ágil e com o menor impacto possível para credores e atividades operacionais.

A administração da Bombril ressaltou que essa iniciativa está alinhada aos esforços recentes para recuperar a rentabilidade da empresa e otimizar sua estrutura financeira. "A companhia confia que, por meio da recuperação judicial, será possível atingir uma estrutura de endividamento saudável, que permitirá um novo ciclo de crescimento e novos investimentos, em benefício da coletividade dos stakeholders", declarou.

Dívidas e Processos Judiciais

A Bombril enfrenta passivos tributários significativos, especialmente autuações da Receita Federal relacionadas a suposta inadimplência no recolhimento de tributos sobre a aquisição de títulos de dívida estrangeiros (T-Bills) entre 1998 e 2001. Essas operações foram realizadas pela empresa e por um veículo do grupo italiano Cragnotti & Partners, que então controlava a companhia.

O valor total envolvido nesses processos gira em torno de R$ 2,3 bilhões, e a administração da empresa afirmou que acompanha de perto o andamento dessas disputas judiciais. Diante de uma decisão judicial recente desfavorável, a diretoria da Bombril se reuniu nesta segunda-feira (10) para avaliar o cenário e definir medidas a serem adotadas.

A empresa considerou que o risco de perda nos processos pode comprometer os bons resultados contábeis obtidos nos últimos trimestres, além de impactar sua credibilidade junto a fornecedores e financiadores. Isso poderia levar à revisão da capacidade de pagamento da empresa e até à rescisão de contratos comerciais ou ao vencimento antecipado de dívidas.

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