Violência em escolas: MPMG alerta para riscos da internet e necessidade de monitoramento
Data marca conscientização sobre riscos online e necessidade de monitoramento de crianças e adolescentes
Por Plox
11/02/2025 11h05 - Atualizado há 3 meses
A segurança no ambiente escolar exige atenção constante, principalmente com o avanço da cooptação de jovens por criminosos em ambientes digitais. No Dia Internacional para uma Internet Segura, comemorado em 11 de fevereiro, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) alerta para a necessidade do monitoramento das redes sociais de crianças e adolescentes, destacando que o aliciamento para a prática de violência extrema ocorre, muitas vezes, em fóruns e jogos online.

"O executor imediato é local e, muitas vezes, um adolescente. Mas, não raro, ele é cooptado e incentivado em redes sociais", afirma André Salles Dias Pinto, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate aos Crimes Cibernéticos (Gaeciber), do MPMG. A data coincide com a volta às aulas de 1,6 milhão de estudantes da rede estadual de Minas Gerais, trazendo ainda mais urgência ao debate sobre segurança escolar.
Ameaça crescente e histórico de ataques
Nos últimos anos, os ataques a escolas têm se tornado mais frequentes. Segundo relatório de 2022 da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, mais da metade dos ataques com mortes no Brasil ocorreram a partir de 2019. Apenas no segundo semestre de 2022, quatro ataques foram registrados, totalizando 16 ao longo do ano. No período de duas décadas, os números são alarmantes: 35 vítimas fatais e 72 feridos.
As investigações mostram que esses ataques são frequentemente planejados na internet, onde criminosos incentivam jovens a cometerem atos extremos. Diante desse cenário, a atuação coordenada entre o MPMG e órgãos de segurança pública tem sido crucial para evitar novas tragédias.
Respostas rápidas evitam tragédias
O promotor André Salles destaca que, em 2023, todas as ameaças a escolas mineiras identificadas pelo Gaeciber foram neutralizadas antes de se concretizarem. Em 68% dos casos, os suspeitos foram identificados em até 24 horas após a notificação da ameaça.
Essa eficácia, segundo Salles, só é possível devido à rápida denúncia feita por familiares, amigos e escolas. "Nossa atuação só é efetiva porque recebemos denúncias da comunidade. É fundamental que qualquer ameaça seja comunicada o mais rápido possível às autoridades", reforça.
Além do MPMG, as polícias Civil e Militar atuam em parceria para investigar e desmantelar redes de aliciamento e planejamento de crimes violentos. "Essa articulação permite uma atuação mais eficiente, desde a apuração inicial até uma possível sentença", explica o promotor.
Cooptação silenciosa e riscos da internet
Muitos pais impõem restrições físicas aos filhos, mas ignoram os riscos do ambiente digital, permitindo que eles naveguem sem supervisão. "Os pais não deixam os filhos irem a qualquer lugar sozinhos, mas muitos deixam que eles entrem na internet sem qualquer monitoramento", alerta Salles.
A cooptação de jovens ocorre em espaços aparentemente inofensivos, como fóruns de discussão e jogos interativos. Os criminosos exploram momentos de vulnerabilidade emocional dos adolescentes, criando laços de confiança antes de introduzir discursos de ódio e violência.
O relatório da Campanha Nacional pelo Direito à Educação aponta que os aliciados para ataques a escolas são, em geral, adolescentes brancos e heterossexuais, motivados por frustração e revolta. O contato inicial pode vir disfarçado de piadas de cunho racista ou nazista, fake news ou discursos violentos contra minorias.
Mudanças de comportamento: sinais de alerta
A cooptação raramente acontece de forma abrupta, mas se manifesta em mudanças graduais de comportamento. Segundo Salles, adolescentes recrutados para atos violentos podem começar a exaltar símbolos extremistas, adotar vestuários específicos e demonstrar interesse excessivo por massacres e violência.
O projeto Sinais, do Ministério Público do Rio Grande do Sul, reforça que mudanças repentinas, como isolamento da família, comportamento agressivo e defesa de ideologias extremistas, devem ser encaradas como um pedido de socorro. "Educadores e famílias precisam estar atentos, pois esses sinais indicam um potencial de enorme estrago", alerta o promotor.
Prevenção: justiça restaurativa e fortalecimento da comunidade escolar
Uma das formas de evitar a escalada da violência nas escolas é a implementação da justiça restaurativa, um método que incentiva o diálogo em vez de punições severas. O programa Nós, do MPMG em parceria com diversas instituições, capacita escolas para mediar conflitos e fortalecer os laços entre alunos, professores e funcionários.
Além disso, o Ministério Público pode intervir junto ao Poder Executivo para melhorar a infraestrutura das escolas, garantir a presença de psicólogos e assistentes sociais e adequar a oferta de vagas. No entanto, essas melhorias só são possíveis com o envolvimento da comunidade escolar na identificação de problemas.
Como denunciar ameaças à segurança escolar
Diante de qualquer suspeita de violência planejada em escolas, é essencial denunciar o mais rápido possível pelos seguintes canais:
📞 MPMG – Disque 127
📞 Polícia Civil – Disque 181
📞 Polícia Militar – Disque 190