Anac suspende Voepass e Vale do Aço perde voo direto para São Paulo
Agência reguladora aponta falhas na segurança da companhia; passageiros devem buscar reembolso ou reacomodação
Por Plox
11/03/2025 17h56 - Atualizado há cerca de 1 mês
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) suspendeu, a partir desta terça-feira (11), as operações aéreas da Voepass, formada pela Passaredo Transportes Aéreos e pela Map Linhas Aéreas. A empresa atua em 15 localidades, duas delas em Minas Gerais: Ipatinga e Juiz de Fora. Com o cancelamento da atividade, o Vale do Aço fica sem um voo direto para São Paulo e com apenas uma companhia operando no aeroporto regional. A suspensão dos voos da VoePass pegou passageiros do Vale do Aço de surpresa. A reportagem do Plox foi ao Aeroporto Regional do Vale do Aço acompanhar a situação. Veja na Live.
Suspensão por questões de segurança
A Anac informou que a suspensão foi determinada em caráter cautelar e permanecerá vigente "até que se comprove a correção de não conformidades relacionadas aos sistemas de gestão da empresa previstos em regulamentos". A decisão veio após auditorias constatarem falhas nos processos internos da Voepass e reincidências de irregularidades previamente apontadas pela agência.
Em nota, a agência reguladora destacou que a medida foi tomada devido à "incapacidade da Voepass em solucionar irregularidades identificadas no curso da supervisão realizada pela agência, bem como da violação das condicionantes estabelecidas anteriormente para a continuidade da operação dentro dos padrões de segurança exigidos".

Impacto nos passageiros e reembolso
Com o cancelamento dos voos da Voepass, passageiros que compraram passagens devem procurar a empresa ou a agência de viagem responsável para solicitar reembolso ou reacomodação em outras companhias, conforme determina a Resolução 400 da Anac.
Atualmente, a Voepass conta com seis aeronaves e opera em 15 localidades, incluindo destinos como Guarulhos, Congonhas, Rio de Janeiro (Galeão), Recife, Florianópolis, Manaus e Fernando de Noronha. Em Minas Gerais, além de Ipatinga, a companhia também atendia Juiz de Fora (Zona da Mata).

Histórico de problemas e acidente fatal em 2024
A suspensão das atividades da Voepass ocorre após uma série de medidas de fiscalização adotadas pela Anac, principalmente depois do acidente ocorrido em 9 de agosto de 2024, quando um avião da companhia caiu em Vinhedo (SP), matando 62 pessoas.

Desde então, a agência reguladora implementou uma operação assistida de fiscalização nas instalações da empresa. Servidores da Anac estiveram presentes nas bases de operação e manutenção para garantir a segurança das operações.
Em outubro de 2024, a Voepass foi obrigada a reduzir sua malha aérea, aumentar o tempo das aeronaves em solo para manutenção, trocar administradores e executar um plano de ação para corrigir irregularidades. Entretanto, uma nova auditoria realizada em fevereiro de 2025 revelou que a companhia não atendeu às exigências da agência.
"Foi identificada a degradação da eficiência do sistema de gestão da empresa em relação às atividades monitoradas e o descumprimento sistemático das exigências feitas pela agência", informou a Anac. Além disso, foram constatadas reincidências de problemas que a companhia alegava já ter resolvido.
Diante disso, a Anac concluiu que houve "uma quebra de confiança em relação aos processos internos da empresa devido a evidências de que os sistemas da Voepass perderam a capacidade de dar respostas à identificação e correção de riscos da operação aérea".
Reação do governo e da empresa
O Ministério de Portos e Aeroportos apoiou a decisão da Anac, classificando-a como necessária para garantir a segurança da aviação no Brasil. "A medida cautelar visa, de forma temporária, solicitar que a empresa aérea melhore sua governança e fortaleça ainda mais a segurança dos voos no país", declarou a pasta.

Por sua vez, a Voepass informou que já iniciou tratativas internas para demonstrar à Anac sua capacidade de garantir os níveis de segurança exigidos. "Nossa frota em operação é aeronavegável e apta a realizar voos seguindo as rigorosas exigências de padrões de segurança", afirmou a companhia em nota.
A empresa reconheceu o impacto da suspensão para os passageiros e afirmou que "colocará todos os esforços para retomar a operação o mais breve possível". Enquanto isso, garantiu que atenderá os clientes afetados conforme as diretrizes da Anac.