Erro em clínica faz mulher dar à luz filho de outro casal na Austrália

Mistura de embriões na Monash IVF resulta em gravidez equivocada; empresa atribui falha a erro humano

Por Plox

11/04/2025 10h33 - Atualizado há 3 meses

Uma mulher deu à luz um bebê que, posteriormente, foi identificado como filho biológico de outro casal. O caso, que veio à tona recentemente, ocorreu na Austrália, em uma unidade da Monash IVF, uma das maiores redes de clínicas de fertilização in vitro do país.


Imagem Foto: Pixabay


A troca dos embriões, segundo a própria empresa, foi provocada por um “erro humano”. A Monash IVF, que opera mais de 100 clínicas, afirmou estar profundamente abalada com o ocorrido, classificado como um caso inédito em território australiano. O comunicado oficial foi assinado pelo CEO da empresa, Michael Knaap, que expressou pesar pelo erro e garantiu que os pacientes afetados estão recebendo suporte. $&&$“Continuaremos a apoiar os pacientes neste momento extremamente angustiante”$, destacou o executivo.


O erro foi identificado em fevereiro, quando os pais biológicos solicitaram a transferência de seus embriões restantes para outra clínica. Durante o processo, um embrião a mais foi localizado no armazenamento. A investigação interna revelou que o embrião implantado meses antes havia sido o de outra paciente, transferido de forma equivocada para o útero da mulher que acabou gestando o filho de um casal desconhecido.



A troca ocorreu na unidade de Brisbane, capital do estado de Queensland. Até o momento, os nomes dos casais envolvidos não foram divulgados, em respeito à privacidade das partes, conforme justificou a clínica. A empresa ainda evitou responder questionamentos da imprensa sobre possíveis suspeitas anteriores à descoberta da falha.


O professor clínico associado da Universidade de Melbourne, Alex Polyakov, especialista em fertilidade, afirmou que esse é o primeiro caso desse tipo nos mais de 40 anos de práticas de fertilização in vitro na Austrália. “A chance de algo assim ocorrer é tão remota que desafia qualquer estimativa estatística”, declarou em entrevista à CNN.



Em meio à repercussão, a advogada australiana Sarah Jefford, especialista em casos de barriga de aluguel e concepção por doação, revelou ter recebido diversas ligações de clientes aflitos. Ela alertou que o país não possui precedentes legais claros para situações como essa, onde os pais biológicos não consentiram com o uso do embrião. “As leis presumem que os pais biológicos são os pais legais, mas essa presunção pode ser desafiada”, afirmou.


A Monash IVF afirmou estar tomando medidas para reforçar os protocolos de segurança, além de ter contratado uma investigação independente para apurar o caso e implementar todas as recomendações. “Estamos confiantes de que se trata de um incidente isolado”, declarou o CEO Michael Knaap.


A Sociedade de Fertilidade da Austrália e Nova Zelândia (FSANZ) também se manifestou, dizendo estar ciente do “grave incidente” e expressando solidariedade às famílias impactadas.



Esse não é o primeiro episódio de controvérsia envolvendo a Monash IVF. Em 2024, a empresa aceitou pagar US$ 35 milhões para encerrar uma ação coletiva movida por 700 ex-pacientes. Eles alegaram que a clínica descartou embriões viáveis ao não informar adequadamente sobre os riscos de falsos positivos em testes genéticos.


Casos semelhantes já foram registrados em outros países, como nos Estados Unidos, onde uma mulher branca descobriu ter dado à luz a um bebê negro após o uso de um embrião trocado.


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