Tarifas de Trump podem tirar R$ 560 milhões do PIB mineiro
Estudo da UFMG aponta Minas como o segundo estado mais impactado por nova política tarifária dos EUA sobre aço e alumínio
Por Plox
11/04/2025 10h41 - Atualizado há 12 dias
O estado de Minas Gerais deve enfrentar um dos maiores impactos econômicos do país devido às novas tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos sobre as importações de aço e alumínio. De acordo com estudo realizado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o Produto Interno Bruto (PIB) mineiro pode registrar uma perda acumulada de R$ 560 milhões nos próximos cinco a dez anos.

A pesquisa foi conduzida pelo Núcleo de Estudos em Modelagem Econômica e Ambiental Aplicada (Nemea), do Cedeplar da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG. Segundo os dados, Minas Gerais ficará atrás apenas de São Paulo em termos de perdas econômicas. O estado paulista pode ver seu PIB diminuir em até R$ 1,6 bilhão, principalmente devido à amplitude e diversidade de seu parque industrial.
João Pedro Revoredo, pesquisador do Nemea e um dos autores do levantamento, esclareceu que os cálculos consideraram os efeitos de longo prazo, levando em conta ajustes e reorganizações nos setores produtivos diante das alíquotas de 25% aplicadas pela administração Trump sobre produtos importados. Segundo ele, a indústria mineira de base, especialmente a siderurgia e a metalurgia, será a mais penalizada.
“É o principal setor negativamente afetado para Minas, porque a siderurgia e a metalurgia eles sofrem um impacto muito grande da estrutura tributária que foi proposta no exterior e existe um efeito de substituição internacional. Então, os nossos produtos acabam não sendo tão competitivos internacionalmente e a gente perde atividade econômica por conta disso”, explicou Revoredo.
“Os nossos produtos acabam não sendo tão competitivos internacionalmente e a gente perde atividade econômica por conta disso”, explicou Revoredo.
Em 2024, o Brasil produziu 33,7 milhões de toneladas de aço bruto, sendo que Minas Gerais respondeu por quase 10 milhões desse total, consolidando-se como o maior produtor nacional. A estrutura industrial mineira, fortemente voltada à exportação desses insumos, contribui para a vulnerabilidade do estado diante das tarifas externas.
Em contraste com o cenário negativo do Sudeste, o Centro-Oeste brasileiro deverá ser beneficiado economicamente, principalmente devido ao desempenho do agronegócio. Mato Grosso lidera as projeções positivas, com um incremento de R$ 2 bilhões no PIB, seguido por Mato Grosso do Sul e Goiás, com R$ 292 milhões e R$ 259 milhões, respectivamente.
A produção de soja será o destaque, com previsão de crescimento que deve gerar um acréscimo de mais de US$ 5 milhões. No geral, o setor agropecuário tende a acumular ganhos próximos a US$ 3,2 milhões, devido à mudança no fluxo de demanda da China. A disputa comercial entre o país asiático e os Estados Unidos redireciona parte da demanda de produtos agroamericanos para outros mercados, como o Brasil.
Na visão global, enquanto o Brasil como um todo poderá obter um ganho de aproximadamente US$ 350 milhões em seu PIB, os Estados Unidos e a China devem sofrer recuos. A economia norte-americana pode encolher cerca de US$ 92,6 milhões, e a chinesa, US$ 32,7 milhões, conforme apontam os dados do estudo.