Alcolumbre pode travar CPMI sobre escândalo do INSS

O avanço da oposição no Congresso Nacional para instaurar uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre o escândalo bilionário de fraudes no INSS está encontrando um obstáculo poderoso: o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Com articulações nos bastidores, Alcolumbre estaria empenhado em impedir que as investigações ganhem corpo, o que poderia expor o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Foto: Agência Brasil

A criação da CPMI depende do apoio de pelo menos 171 deputados e 27 senadores, mas há uma brecha importante no processo. Esses parlamentares podem retirar suas assinaturas até o momento em que o pedido for oficialmente lido em uma sessão conjunta do Congresso Nacional. Essa flexibilidade tem sido explorada por Alcolumbre, que, segundo aliados da oposição, tem pressionado parlamentares a abandonarem o apoio à comissão.

Apesar da mobilização da oposição, Alcolumbre ainda não marcou a sessão necessária para a leitura do requerimento. Ele segue evitando o tema publicamente, mesmo diante da gravidade das denúncias, que envolvem o maior esquema de corrupção já registrado na história do Brasil, segundo opositores.

O Partido Liberal (PL), ciente das tentativas de sabotagem, considera fundamental manter em sigilo os nomes dos parlamentares que assinaram o pedido. A estratégia visa protegê-los de pressões e possíveis retaliações, especialmente por parte do grupo governista e do próprio Alcolumbre.

Paralelamente, a relação próxima entre o senador amapaense e o presidente Lula também chama atenção. Alcolumbre tem acompanhado Lula em compromissos internacionais, como a comitiva que esteve no funeral do Papa Francisco e a atual viagem à Rússia e China, evidenciando o alinhamento político entre os dois.

Diante do cenário de manobras e resistências, a oposição já avalia a possibilidade de recorrer a uma alternativa: a criação de uma CPI, que pode ser instalada apenas com a participação de deputados federais, dispensando o aval do Senado.

\"É uma questão de preservar os nomes dos que estão conosco, diante de tanta pressão do governo e de Alcolumbre\", confidenciou um líder da oposição.

A disputa em torno da CPMI do INSS promete novos capítulos, com implicações diretas para o governo Lula e para a estabilidade política no Congresso.