Governo Lula enfrenta série de derrotas no Congresso em menos de um mês
Rompimento do PDT, recusa de Pedro Lucas e votação pró-Ramagem evidenciam fragilidade da base aliada
Por Plox
11/05/2025 06h21 - Atualizado há 4 dias
Em um período inferior a trinta dias, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrentou uma sequência de oito derrotas significativas no Congresso Nacional, evidenciando a fragilidade de sua base aliada.

A mais recente dessas derrotas ocorreu na última terça-feira, quando a bancada do PDT na Câmara dos Deputados anunciou seu afastamento da base governista. A decisão foi tomada após a saída de Carlos Lupi do Ministério da Previdência, em meio a investigações sobre irregularidades no INSS. A nomeação de Wolney Queiroz para o cargo não foi suficiente para conter a insatisfação dos parlamentares pedetistas.
No dia seguinte, a Câmara aprovou, por 315 votos a 143, a suspensão da ação penal contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), acusado de envolvimento na trama golpista de 8 de janeiro de 2023. O mais preocupante para o governo foi que 62% dos votos favoráveis vieram de partidos que compõem sua base aliada, incluindo União Brasil, PP, PSD, MDB, Republicanos, PDT e PSB.
Ainda em abril, o deputado Pedro Lucas Fernandes (União Brasil-MA) recusou o convite para assumir o Ministério das Comunicações, após a saída de Juscelino Filho, denunciado por desvio de emendas parlamentares. A recusa de Pedro Lucas, líder do União Brasil na Câmara, expôs divisões internas no partido e representou um constrangimento para o Palácio do Planalto.
Além disso, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara rejeitou o recurso do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) contra a cassação de seu mandato. Embora o governo tenha declarado neutralidade, a presença de nove ministros em apoio ao parlamentar durante sua greve de fome indicou envolvimento nos bastidores.
No mesmo período, União Brasil e PP anunciaram a formação de uma federação partidária, com críticas veladas ao governo Lula. Ministros dessas siglas, como André Fufuca (Esporte) e Celso Sabino (Turismo), estiveram presentes no evento, mas não foram convidados a discursar, enquanto opositores como Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) e Ciro Nogueira (PP-PI) tiveram destaque.
A oposição também conseguiu reunir assinaturas para a instalação de uma CPI destinada a investigar descontos indevidos em benefícios do INSS, com apoio de deputados de partidos da base governista.
No feriado de 1º de Maio, o presidente Lula optou por não comparecer aos atos das centrais sindicais, temendo baixa adesão. Na mesma data, Gilberto Kassab, presidente do PSD, declarou que, caso Tarcísio de Freitas (Republicanos) se candidate à Presidência em 2026, contará com o apoio de toda a centro-direita. Kassab, cujo partido ocupa três ministérios no governo, afirmou que o PSD não integra a base aliada de Lula.
Esses episódios refletem a instabilidade da base governista, composta majoritariamente por partidos de centro e direita que, apesar de ocuparem ministérios, têm se mostrado volúveis em suas posições no Congresso.