Supremo tribunal federal analisa temas políticos e ocupa espaço legislativo

Tem provocado atritos com o Parlamento e aumentado as críticas por parte de deputados e senadores

Por Plox

11/06/2023 15h59 - Atualizado há cerca de 2 anos

Desde a posse da ministra Rosa Weber na presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), uma tendência cautelosa e equilibrada marcou a sua gestão. Ela tem se esforçado para evitar a introdução de assuntos polêmicos em pauta, especialmente aqueles que cruzam a linha entre as atribuições do STF e do Poder Legislativo. Entretanto, uma série de eventos recentes pôs o STF no centro do palco da política brasileira, uma posição que nem sempre é confortável.

 

Foto: Reprodução

 

No final do ano passado, a campanha presidencial brasileira foi judicializada repetidamente, principalmente no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Após um breve período de tranquilidade entre novembro de 2022 e março do presente ano, o STF voltou a ter destaque ao abordar questões politicamente sensíveis.

A Ascensão da Corte Suprema no Campo Político

Essa crescente intervenção do STF na política brasileira, muitas vezes devido à falta de ação da Câmara dos Deputados e do Senado, tem provocado atritos com o Parlamento e aumentado as críticas por parte de deputados e senadores. Em particular, a oposição bolsonarista, ainda ressoando os ataques do ex-presidente à Corte, expressa fortes críticas.

Ao mesmo tempo, o atual governo de Luiz Inácio Lula da Silva tem mantido uma relação construtiva com os ministros da Corte, em várias ocasiões se beneficiando de suas decisões em questões de articulação política.

Contrastes e Confrontos nas Relações do STF

A situação contrasta fortemente com as dificuldades que o governo tem enfrentado na articulação de pautas ideológicas no Congresso, falhando, por exemplo, em avançar com a proposta de criminalização das fake news.

Paralelamente, políticos como o deputado Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, demonstram preocupação com a proximidade entre o Palácio do Planalto e o STF. Lira tem trabalhado nos bastidores para obstruir certas medidas provisórias do governo, levantando preocupações sobre possíveis implicações dessa aliança entre Executivo e Judiciário.

Decisões Polêmicas e seus Impactos

O STF tem estado no centro de várias questões controversas, incluindo a recente condenação do ex-presidente da República e ex-senador Fernando Collor a uma pena de oito anos e 10 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Além disso, a questão do marco temporal das terras indígenas colocou o STF no meio de uma batalha acirrada entre os defensores dos direitos das comunidades indígenas e o setor do agronegócio. A decisão do STF sobre o marco temporal pode trazer implicações significativas para quase 1 milhão de ocupantes de comunidades tradicionais, bem como para os empresários do agronegócio, que estão ansiosos para expandir a produção.

A Batalha pelo Marco Temporal

A bancada ruralista no Congresso e as entidades do setor defendem que o marco temporal proporcionaria segurança jurídica. No entanto, indígenas e ativistas argumentam que seria uma forma de negar o direito à terra a comunidades que foram historicamente perseguidas ao longo da formação da sociedade brasileira.

Nesse contexto, o marco temporal traz uma peculiaridade. Enquanto avança no Judiciário, ele também progride no Legislativo. O projeto foi aprovado pela Câmara e agora aguarda apreciação do Senado. Embora o Supremo tenha começado a julgar o tema na semana passada, um pedido de vistas do ministro André Mendonça interrompeu a análise - que só voltará à pauta dentro de três meses, excluindo agosto, mês de recesso do Judiciário.


 

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