Braga Netto nega repasse de dinheiro e pressão por adesão a golpe

General afirmou ao STF que não entregou recursos nem coagiu militares a apoiarem plano golpista contra Lula

Por Plox

11/06/2025 07h28 - Atualizado há 1 dia

Durante o segundo dia de interrogatórios dos acusados ligados ao núcleo central da suposta tentativa de golpe contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o general Walter Braga Netto negou qualquer envolvimento com o financiamento da operação intitulada Punhal Verde e Amarelo. Preso desde dezembro de 2024 por obstrução à Justiça, o militar prestou depoimento por videoconferência ao Supremo Tribunal Federal (STF).


Imagem Foto: STF


De acordo com sua declaração, ele jamais repassou valores em sacola de vinho a Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro. Cid havia afirmado que Braga Netto teria entregue recursos para viabilizar um plano que incluía o assassinato de autoridades como Lula, Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. A casa do general em Brasília também foi citada como ponto de encontro do grupo envolvido.



“Eu nunca pedi dinheiro para ninguém e não dei dinheiro nenhum para o Cid”, disse Braga Netto, acrescentando: “Não tinha contato com empresários, todo o interesse que eles tinham era no presidente Jair Bolsonaro”.


Além de negar o repasse financeiro, o general rechaçou ter coagido os comandos militares a aderirem ao plano. “Eu nunca determinei ou coordenei ataques aos chefes dos comandos militares”, declarou.



A sessão desta terça-feira (10) marcou o depoimento do último réu do chamado núcleo crucial da investigação. Antes de Braga Netto, prestaram depoimento Paulo Sérgio Nogueira, Jair Bolsonaro, Augusto Heleno, Almir Garnier e Anderson Torres. No dia anterior, falaram Mauro Cid e Alexandre Ramagem. Todos os depoimentos ocorrem na sala de sessões da Primeira Turma do STF, responsável por julgar a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR).


A acusação, baseada em investigações da Polícia Federal, aponta que Bolsonaro e Braga Netto lideraram uma tentativa de ruptura institucional. A denúncia, aceita pelo STF em março, envolve oito réus e imputa cinco crimes: tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito, tentativa de golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. As penas somadas podem alcançar até 43 anos de prisão.


Braga Netto foi incluído formalmente no processo em 26 de março. A PGR o acusa de tentar mobilizar maior apoio aos protestos realizados após a derrota de Bolsonaro nas eleições. Entre as ações atribuídas ao general está o incentivo a manifestantes no acampamento montado diante do Quartel-General do Exército em Brasília, de onde saíram os envolvidos na invasão às sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro de 2023.


O advogado de defesa, José Oliveira Lima, afirmou que o general está indignado com a denúncia e se considera inocente. $&&$ “Está inconformado, pois encontra-se preso com base numa mentira” $, declarou o criminalista.

Braga Netto teve trajetória expressiva no governo Bolsonaro. Atuou como chefe do Estado-Maior do Exército, ministro da Casa Civil e do Ministério da Defesa. Em 2022, deixou o Executivo para concorrer como vice-presidente na chapa de Bolsonaro. Atualmente, cumpre prisão na Vila Militar do Rio de Janeiro, decretada por Alexandre de Moraes, do STF.


A decisão pela prisão foi fundamentada na tentativa de Braga Netto acessar conteúdos sigilosos, como a delação premiada de Mauro Cid. Segundo o ex-ajudante de ordens, encontros foram realizados na casa do general para discutir maneiras de gerar caos social e fomentar uma ação de ruptura democrática.


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