Medalha usada por Bolsonaro em depoimento ao STF tem ligação com ato de bravura de 1978
A Medalha do Pacificador com Palma, que o ex-presidente exibiu no peito, foi concedida após episódio de salvamento ocorrido décadas antes e reforça ligação com o Exército
Por Plox
11/06/2025 08h09 - Atualizado há 5 dias
Durante o depoimento prestado ao Supremo Tribunal Federal nesta segunda-feira (10), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chamou atenção ao exibir no peito a Medalha do Pacificador com Palma, concedida pelo Exército Brasileiro. A escolha de ostentar o broche não foi apenas estética: carrega um forte simbolismo ligado à sua trajetória e à sua relação com as Forças Armadas.

Em um vídeo gravado no intervalo da sessão, Bolsonaro chegou a antecipar críticas sobre o uso do adereço, afirmando:
“Porque eu tenho direito”
. A honraria foi entregue a ele em 2018, pouco após vencer as eleições presidenciais, em reconhecimento a um episódio ocorrido em 1978, quando o então militar salvou um soldado de um afogamento, ato considerado de bravura pelo Exército.
O uso da medalha nesse momento delicado ocorre em um contexto em que se investiga a tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023. Um dos pontos de atenção da apuração é a presença de manifestantes contrários ao resultado das eleições acampados em frente aos quartéis do Exército, como o do QG em Brasília, antes da invasão dos prédios dos Três Poderes.
Segundo a Polícia Federal, Bolsonaro buscava apoio institucional para consumar um golpe, o que não se concretizou por falta de adesão dos então comandantes das Forças Armadas. Entre os 37 indiciados até agora por envolvimento no suposto plano, 25 são militares. O ex-presidente, por sua vez, declarou que nunca pensou em demitir os comandantes Freire Gomes, do Exército, e Baptista Júnior, da Aeronáutica, que teriam se recusado a apoiar a iniciativa.
A exibição da medalha durante o depoimento também reforça o orgulho de Bolsonaro por sua ligação com o Exército, mesmo diante das investigações. Em sua fala à Justiça, o ex-presidente negou qualquer tentativa de golpe, minimizando os acontecimentos e defendendo sua conduta durante o período de transição entre governos.
O gesto de ostentar a condecoração, portanto, vai além de uma escolha pessoal. Trata-se de uma sinalização política e simbólica diante das acusações que envolvem diretamente sua relação com as Forças Armadas e sua atuação nos momentos que antecederam os atos antidemocráticos de janeiro.