Prefeitura do Rio paralisa obra da Estação Leopoldina após dívida de R$ 7,8 milhões
Empresa responsável deixou o canteiro por falta de repasses; revitalização começou há menos de um ano
Por Plox
11/06/2025 17h56 - Atualizado há 1 dia
As obras de restauração da tradicional Estação Leopoldina, na capital fluminense, foram interrompidas este mês após quase um ano de atividades. Segundo informações apuradas, a empresa Concrejato, responsável pela execução do projeto, deixou o local alegando falta de pagamento da prefeitura do Rio de Janeiro.

A paralisação aconteceu em meio à retirada de materiais e limpeza do espaço, ações que começaram há cerca de uma semana. A empreiteira alega que o último repasse foi realizado em novembro, e que o valor total da dívida com o município já chega a R$ 7,8 milhões. O orçamento total da obra ultrapassa os R$ 72 milhões.
A revitalização da estação fazia parte de uma contrapartida assumida pela prefeitura após a cessão do terreno, que pertencia à União. O acordo, firmado em Brasília em fevereiro do ano passado, previu que o município assumiria integralmente a responsabilidade pela reforma do espaço, hoje com 99 anos.
O projeto de revitalização vai além da simples restauração do terminal ferroviário. Estão previstas diversas construções no terreno de 125 mil m², incluindo:
- Uma escola pública no modelo Ginásio Experimental Tecnológico (Get);
- Uma Clínica da Família;
- Um bairro com 700 moradias populares, financiado pelo Minha Casa, Minha Vida;
- Um complexo para as escolas de samba da Série Ouro, batizado de Cidade do Samba 2;
- Um centro de convenções.
Entretanto, ainda não há definição sobre quem financiará essas obras adicionais. No início da reforma, o local ainda abrigava carcaças de trens que seriam restaurados como parte do projeto de preservação histórica. Também já haviam sido executadas etapas como remoção de entulho, mato, lixo e a demolição de um pavimento irregular construído no topo do prédio.
Nesta segunda-feira (9), um novo passo foi anunciado. Em conjunto com o Ministério da Gestão e da Inovação, a prefeitura firmou um acordo com o BNDES, que ficará encarregado da elaboração de estudos técnicos, jurídicos e econômicos para orientar a melhor destinação do imóvel.
De acordo com as informações divulgadas, o projeto prevê a concessão da área para a iniciativa privada, que arcará com os estudos e a maior parte dos investimentos. Não há previsão de novos repasses da União à prefeitura.
Em nota, a prefeitura explicou que os pagamentos foram suspensos após denúncias de que a empresa não estaria cumprindo as normas trabalhistas e estaria expondo os trabalhadores a riscos. A Concrejato, por sua vez, nega qualquer irregularidade, afirmando que não há denúncias formais de segurança nem pendências trabalhistas, e que a paralisação foi negociada em razão da falta de pagamento.