Agentes de Abin paralela sabiam sobre minuta de golpe, indica PF

Para os investigadores, essas referências indicam, no mínimo, um conhecimento potencial do planejamento que levou à criação da minuta do decreto de intervenção

Por Plox

11/07/2024 16h50 - Atualizado há 3 meses

A Operação Última Milha, conduzida pela Polícia Federal (PF), resultou na prisão de ao menos dois investigados que tinham ciência da existência de uma minuta de decreto para um golpe de Estado, possivelmente a ser assinada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Espionagem na Abin e monitoramento ilegal

A investigação da PF foca em uma estrutura paralela de espionagem supostamente montada dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Esta estrutura teria o objetivo de monitorar ilegalmente adversários pessoais e políticos da família Bolsonaro. A chamada "minuta do golpe" é alvo de um outro inquérito que investiga Jair Bolsonaro e seus assessores próximos. Ambas as investigações estão sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Diálogos incriminadores e uso do programa first mile

Um dos pilares da investigação são os diálogos entre o militar Giancarlo Gomes Rodrigues e seu superior, o policial federal Marcelo Araújo Bormevet. Eles operavam o programa First Mile, adquirido pela Abin, que permitia monitorar a localização de celulares sem ser detectado. Em uma conversa destacada pela PF, Bormevet questiona: “O Nosso PR imbrochável já assinou a porra do decreto?”. Giancarlo responde: "Assinou nada. Tá foda essa espera, se é que vai ter alguma coisa”.

Referências ao rompimento democrático

Para os investigadores, essas referências indicam, no mínimo, um conhecimento potencial do planejamento que levou à criação da minuta do decreto de intervenção. Esta observação foi incluída no pedido de prisão preventiva dos investigados e no compartilhamento de informações entre os inquéritos da Abin paralela e da minuta do golpe, ambos deferidos por Moraes.

Prisão preventiva e destruição de provas

A PF argumentou que os crimes cometidos na Abin estão ligados aos delitos que tentaram abolir violentamente o estado democrático de direito. Este foi um dos argumentos para pedir a prisão dos investigados, alegando que a continuidade da operação poderia levar os suspeitos a destruir provas que ligassem as investigações.

Novas prisões e crimes apontados

Além de Bormevet e Giancarlo, outras duas pessoas foram presas, e uma quinta permanece foragida. Preliminarmente, a PF apontou crimes como pertencimento a organização criminosa, invasão de dispositivo informático, interceptação clandestina de comunicações e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.

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