Ato na Avenida Paulista reúne 15 mil em protesto contra Trump, tarifaço e Bolsonaro

Manifestação liderada por centrais sindicais contou com presença de parlamentares da esquerda e críticas a políticos nacionais e internacionais

Por Plox

11/07/2025 09h43 - Atualizado há cerca de 14 horas

Na noite desta quinta-feira, 10 de julho, a Avenida Paulista foi palco de uma grande manifestação organizada por movimentos de esquerda. O protesto reuniu cerca de 15,1 mil pessoas, conforme levantamento realizado pelo Monitor do Debate Político do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), vinculado à Universidade de São Paulo (USP).


Imagem Foto: Reprodução


A maior concentração de público foi registrada por volta das 19h30, com uma margem de erro de 1,8 mil para mais ou para menos. A mobilização superou em número de participantes uma manifestação recente da direita no mesmo local — no dia 29 de junho, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro reuniram 12,4 mil pessoas, segundo o mesmo instituto de pesquisa.


O ato teve como pautas principais a taxação dos super-ricos e o fim da jornada de trabalho 6x1. Cartazes e discursos dirigiram duras críticas ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após o anúncio de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. A manifestação foi liderada por entidades sindicais como a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e a CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil).



A convocação partiu, em parte, do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), especialmente após a derrota do governo Lula no Congresso com a derrubada do decreto que aumentava o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Durante seu discurso no carro de som, Boulos alfinetou:
“O Brasil não é república das bananas. O Brasil é dos brasileiros. Trump, vá cantar de galo para outro lado, aqui não”

.

Entre os presentes estavam parlamentares como Ivan Valente (PSOL), Orlando Silva (PCdoB), Erika Hilton (PSOL) e o deputado estadual Eduardo Suplicy (PT), que se revezaram nos discursos em apoio ao movimento. Jair Bolsonaro e o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL) foram chamados de “inimigos do Brasil” por diversos manifestantes.



O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), também foi alvo de críticas durante o protesto. Boulos classificou sua postura diante das tarifas impostas por Trump como “vexatória” e ironizou:
“Que no ano que vem ele vá pedir voto lá em Miami, e não para os trabalhadores de São Paulo (…) vá ser governador da Flórida”

.

O ato marcou uma rara ocasião em que uma manifestação da esquerda superou em público uma da direita em período recente, segundo o Cebrap. Essa mobilização amplia a disputa de narrativas no país e demonstra a força dos movimentos sociais organizados diante de pautas econômicas e políticas que afetam diretamente a população brasileira.



O evento encerrou-se de forma pacífica, sem registro de confrontos, e reforçou o posicionamento crítico de amplos setores da sociedade frente às políticas externas de Trump e à atuação de figuras da oposição interna.


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