Brasil mira Belarus para ampliar exportações após tarifa dos EUA

Na esteira da imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o governo brasileiro tem buscado novas alternativas comerciais e mira uma ampliação significativa das exportações para Belarus.

Foto: Presidência

O movimento faz parte de uma estratégia articulada pelo Ministério das Relações Exteriores, que vê na aproximação com o país do Leste Europeu — integrante recente do grupo Brics e aliado histórico da Rússia — uma oportunidade de diversificar os destinos de produtos brasileiros e reforçar sua presença econômica em novas regiões.

Durante um evento realizado nesta sexta-feira (11), data em que Belarus celebra sua independência, o embaixador Flavio Goldman, diretor do Departamento de Europa do Itamaraty, afirmou que o objetivo é manter o Brasil como o maior parceiro comercial latino-americano da Belarus. "Acreditamos haver espaço não apenas para aumentar, mas para diversificar os nossos laços econômicos, em que pese o cenário desafiador", afirmou Goldman.

No ano de 2024, o volume exportado pelo Brasil para Belarus alcançou US$ 5,6 milhões (cerca de R$ 31 milhões), com destaque para produtos como amendoins e matérias-primas de origem animal. Ainda segundo o diplomata brasileiro, esse valor está aquém do potencial da parceria.

"um alinhamento estratégico com nações comprometidas com uma ordem mundial mais justa e multipolar\

As novas tensões com os Estados Unidos têm como pano de fundo a crítica da Casa Branca à atuação do Brasil no cenário internacional. O governo norte-americano alegou que há um sentimento antiocidental no Brics e citou falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a busca por moedas alternativas ao dólar como indícios desse posicionamento.

Além disso, o governo Trump aponta insatisfações com o Supremo Tribunal Federal (STF), por medidas que, segundo os americanos, limitam a liberdade de expressão nas redes sociais. Soma-se a isso o andamento de processos judiciais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados, classificados por Trump como uma "caça às bruxas" que, segundo ele, deveria terminar imediatamente.

O Departamento de Comércio dos EUA ainda acusou o Brasil de práticas comerciais desleais, baseando-se na Seção 301 da Lei de Comércio norte-americana. Diante desse cenário, o governo Lula reforça suas alianças internacionais e busca na Belarus uma nova frente de comércio para enfrentar o impacto da taxação imposta pelos Estados Unidos.