Cinco são resgatados de trabalho análogo à escravidão em cafezal de MG
Cinco homens viviam em condições degradantes e foram encontrados sem registro, EPI ou alimentação adequada em propriedade de Santa Rita do Itueto
Por Plox
11/07/2025 06h14 - Atualizado há 5 dias
Uma operação realizada nesta quinta-feira (10), em uma fazenda cafeeira situada em Santa Rita do Itueto, no Leste de Minas Gerais, resultou no resgate de cinco trabalhadores em situação análoga à escravidão. A ação foi liderada pelo Ministério do Trabalho, com apoio da Polícia Militar de Aimorés.

Os homens, com idades entre 25 e 61 anos, viviam em um ambiente insalubre, dormindo em colchões finos colocados diretamente no chão de um imóvel com teto danificado, janelas frágeis e sem qualquer forro. A alimentação era restrita a arroz e ovos, e eles não possuíam equipamentos de proteção individual nem registros em carteira.
Segundo os auditores fiscais, o caso só chegou ao conhecimento das autoridades após um trabalhador fugir da propriedade, atravessar o cafezal e chegar à cidade vizinha. Detido por pequenos furtos, ele revelou ao promotor de Justiça da Comarca de Resplendor a situação enfrentada pelos colegas durante a colheita do café.
“Montamos uma operação com quatro viaturas, inclusive com policiais em carros descaracterizados. Quando chegamos, encontramos cinco trabalhadores em uma situação deplorável”, afirmou o auditor fiscal Flávio Pena.
Durante a inspeção, foi constatado que os trabalhadores eram impedidos de sair da fazenda antes do fim da colheita e que, caso tentassem, eram ameaçados. Além disso, os pagamentos eram irregulares, feitos segundo o desejo do empregador. Alguns deles só receberam os valores devidos após a intervenção da fiscalização.
\"Os trabalhadores disseram que não podiam deixar a fazenda antes do fim da colheita e que sofriam ameaças caso tentassem sair\", relataram os fiscais
O dono da propriedade confessou as irregularidades, mas alegou não ter condições financeiras de arcar com os custos de transporte e verbas rescisórias.
Agora, o caso será levado ao Ministério Público, que avaliará quais medidas judiciais cabem diante das evidências reunidas. Um relatório detalhado da operação está sendo elaborado pelas autoridades envolvidas.
A ocorrência se soma a outros casos identificados no estado de Minas Gerais, que figura entre os líderes no ranking nacional de flagrantes de trabalho análogo à escravidão, principalmente nas regiões Norte e Noroeste do estado.