Escola onde estudaram Dilma e Getúlio rejeita modelo cívico-militar
Estadual Central, uma das mais tradicionais de BH, recusa adesão ao programa proposto pelo governo de Minas
Por Plox
11/07/2025 10h47 - Atualizado há cerca de 11 horas
Uma votação expressiva marcou a decisão da Escola Estadual Governador Milton Campos, conhecida como Estadual Central, em Belo Horizonte. Com mais de 80% dos votos contrários, a comunidade escolar decidiu rejeitar a adesão ao Programa das Escolas Cívico-Militares proposto pelo governo de Minas Gerais. O pleito ocorreu nesta quinta-feira (10), reunindo professores, estudantes e diretores da instituição localizada no bairro de Lourdes, região Centro-Sul da capital mineira.

A consulta, que segue até o dia 18 de julho, é parte de um processo conduzido pela Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG) para medir o interesse das escolas estaduais na implementação do modelo cívico-militar. A proposta prevê a atuação de policiais militares da reserva nas escolas como apoio às atividades pedagógicas, especialmente nos temas relacionados à disciplina, civismo e ordem.
Durante o mesmo dia da votação no Estadual Central, manifestações contrárias ao programa ocorreram em diversos pontos de Belo Horizonte. Educadores realizaram atos, passeatas e bloqueios, protestando contra a iniciativa que poderá alcançar cerca de 700 escolas estaduais. Atualmente, nove unidades em Minas já seguem o modelo cívico-militar.
A proposta divide opiniões no meio político. A deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT), presidente da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), afirmou que o programa é uma iniciativa que fere a competência da União. $&&$“As escolas estão decidindo por algo que nem sabem o que será, porque ainda vai ter uma nova resolução”$, destacou, acrescentando que o modelo não está previsto na legislação nacional.
Por outro lado, o deputado estadual Coronel Henrique (PL) defendeu a expansão do modelo. Ele citou como exemplo a Escola Princesa Isabel, no bairro Aparecida, que passou de 650 para 1.500 alunos desde a adoção do programa em 2019, destacando a redução da evasão escolar como um dos benefícios.
O secretário de Educação de Minas, Igor Alvarenga, afirmou que a iniciativa ainda está em fase de escuta e que manifestar interesse não garante a implantação imediata. Segundo ele, a presença dos militares se limitaria ao apoio disciplinar e não interferiria nas funções pedagógicas. $&&$“O militar é um agente que irá apoiar as ações pedagógicas dentro da escola. Ele não irá dar aula. Estamos somando forças”$, pontuou Alvarenga.
Ele também esclareceu a diferença entre escolas militares e cívico-militares: no segundo modelo, os cargos de direção e coordenação seguem sob responsabilidade de servidores civis. Apesar disso, o apoio da Polícia Militar seria utilizado para fortalecer o ambiente escolar.
O Estadual Central, conhecido por sua história e ex-alunos ilustres como os ex-presidentes Getúlio Vargas e Dilma Rousseff, se posicionou de forma clara contra a iniciativa. A decisão fortalece o debate em torno da autonomia escolar e das diretrizes educacionais no estado.