FIEMG pede negociação com EUA diante de tarifa de 50% sobre produtos brasileiros
Federação defende diplomacia e alerta para impacto da medida em setores como siderurgia e metalurgia de Minas Gerais
Por Plox
11/07/2025 14h02 - Atualizado há cerca de 21 horas
O presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG), Flávio Roscoe, defendeu nesta quinta-feira (10) uma abordagem diplomática para resolver o impasse gerado pela imposição de uma tarifa de 50% pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Segundo ele, a medida afeta diretamente setores importantes da indústria mineira, especialmente os de siderurgia e metalurgia.
Durante entrevista coletiva, Roscoe destacou que a cooperação entre os dois países é fundamental e criticou possíveis medidas de retaliação, apontando que a reciprocidade pode trazer consequências negativas para a economia brasileira. “A tarifa americana não gera impacto inflacionário no Brasil. Talvez até ocorra um impacto deflacionário porque alguns produtos serão ofertados pelo mercado interno. Mas o oposto, a reciprocidade da taxação, tem potencial para gerar impacto inflacionário na economia brasileira”, explicou.

No caso da siderurgia, setor já fragilizado por uma crise internacional provocada pelo excesso de exportações da China, a nova tarifa tende a agravar o cenário. Roscoe também comentou sobre o café, outro produto relevante da pauta mineira, mas que, segundo ele, possui mais flexibilidade para redirecionar sua exportação a outros mercados.
Os Estados Unidos são hoje o principal destino do setor de transformação de Minas Gerais, e o presidente da FIEMG alertou que, se a nova tarifa não for revertida, a indústria local terá dificuldades em realocar a produção para outros países, sobretudo no caso de itens de maior valor agregado. “Vários outros produtos industrializados brasileiros já concorrem no mercado internacional, geralmente com a China ou com outros países”, lembrou.
Diante das tensões geopolíticas entre EUA e China, Roscoe recomendou que o Brasil adote uma postura neutra e mantenha relações comerciais equilibradas. “Estados Unidos é um parceiro tradicional do Brasil. Do ponto de vista geográfico, faz todo o sentido que as nossas economias tenham um fluxo de comércio ativo e complementares e, no nosso entendimento, ambos os países perdem muito com esse cenário”, concluiu.
A FIEMG agora aguarda os próximos passos do governo federal para buscar uma solução junto às autoridades americanas e minimizar os impactos sobre a indústria brasileira.