Lula reage a tarifa de Trump e convoca empresários para frente unida
Presidente afirma que Brasil pode usar Lei da Reciprocidade e cobrará respeito à soberania nacional
Por Plox
11/07/2025 07h50 - Atualizado há 1 dia
A decisão do ex-presidente norte-americano Donald Trump de aplicar uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos provocou uma reação imediata do governo brasileiro. Em resposta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou, nesta quinta-feira (10), que o país tentará negociar, mas está pronto para acionar a Lei da Reciprocidade caso não haja acordo.

Lula deixou claro que o Brasil não aceitará imposições unilaterais e cobrou respeito à soberania nacional. “O Brasil utilizará a lei da reciprocidade quando necessário. Vamos tentar junto à OMC e com outros países encontrar uma solução. Caso contrário, se não houver avanço, a partir de 1º de agosto, responderemos na mesma moeda”, declarou durante entrevista à TV Globo.
A medida anunciada por Trump foi comunicada por meio de uma carta enviada ao presidente brasileiro na última quarta-feira (9). Segundo Trump, a decisão seria uma retaliação a supostos ataques do governo brasileiro à liberdade de expressão de empresas norte-americanas e ao tratamento dispensado ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em um movimento diplomático, o Itamaraty convocou o encarregado de negócios da Embaixada dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar, para prestar esclarecimentos em uma reunião de emergência, ainda na noite de quarta-feira.
Lula também comentou que a resposta brasileira poderá envolver várias frentes: desde ações na OMC até a criação de um comitê específico para monitorar o tema e debater os próximos passos.
“Vamos criar um comitê, e os empresários vão participar. A gente vai acompanhar dia a dia para repensar a política comercial com os Estados Unidos”
, destacou o presidente.
Ao comentar a postura de Donald Trump, Lula criticou a tentativa de interferência nas decisões soberanas do Brasil. “Não podemos admitir ingerência na soberania de outros países”, afirmou. Ele também apontou como inaceitável o apoio de Trump a Bolsonaro, acusado de tramar um golpe de Estado que, segundo investigações, incluía até planos para sua morte.
Durante outra entrevista, concedida à TV Record, Lula reforçou a intenção de usar o que chamou de “instrumentos legais disponíveis”. “Se ele cobrar 50% da gente, a gente vai cobrar 50% dele. A lei da reciprocidade está aprovada pelo Congresso”, destacou.
O presidente fez ainda um apelo direto ao empresariado, pedindo alinhamento com os interesses do país. “Espero que os empresários estejam aliados ao governo. Se algum empresário acha que devemos fazer tudo o que o presidente de outro país quer, esse cidadão não tem nenhum orgulho de ser brasileiro.”
Para enfrentar essa crise comercial com os Estados Unidos, o governo brasileiro articula medidas diplomáticas e comerciais, com foco em manter a soberania e os interesses do país protegidos frente às imposições externas.