Morre Maria Augusta, lenda do carnaval carioca, aos 83 anos

Carnavalesca estava internada no Rio em tratamento contra câncer e morreu de falência múltipla de órgãos; escolas de samba lamentam perda histórica

Por Plox

11/07/2025 18h44 - Atualizado há cerca de 19 horas

A manhã desta sexta-feira (11) marcou o fim de uma era no carnaval brasileiro com a morte de Maria Augusta Rodrigues, aos 83 anos. Um dos nomes mais emblemáticos da folia carioca, a artista morreu por falência múltipla de órgãos enquanto tratava um câncer. Ela estava internada desde junho no Hospital São Lucas, em Copacabana, Zona Sul do Rio de Janeiro.


Imagem Foto: Reprodução


Maria Augusta teve papel fundamental no desenvolvimento do carnaval como o conhecemos hoje. Em 1968, passou a integrar a equipe do Salgueiro sob a liderança de Fernando Pamplona e ganhou destaque com o aclamado desfile de 1971, que trouxe à avenida o enredo “Festa para um Rei Negro”.


Com olhar inovador, deixou marca na União da Ilha do Governador ao conduzir desfiles históricos, como “Domingo” (1977), pioneiro no uso simultâneo de todas as cores, e “O Amanhã” (1978), que também entrou para a história do samba.



Além das passagens por Salgueiro e União da Ilha, ela colaborou com escolas como Tradição, Beija-Flor de Nilópolis e Paraíso do Tuiuti. Em sua trajetória mais recente, Maria Augusta era jurada do troféu Estandarte de Ouro e foi homenageada neste ano na Marquês de Sapucaí pela escola mirim Aprendizes do Salgueiro.


Formada em Artes, era professora aposentada da Escola de Belas Artes da UFRJ e considerada uma referência de sensibilidade e estética dentro do universo do samba.


Diversas escolas de samba emitiram notas de pesar. O Salgueiro exaltou sua importância ao lado de ícones como Joãosinho Trinta, Arlindo Rodrigues, Rosa Magalhães e Fernando Pamplona, declarando: “Maria Augusta não foi apenas uma artista genial. Ela foi uma revolução inteira”.



A escola ainda lembrou a recente homenagem prestada por seus integrantes mirins: “Ela viveu essa homenagem como uma criança feliz. Esteve com nossos pequenos, deu aula, riu, chorou, e desfilou com uma emoção que tomou conta de todos”.


Outras agremiações, como Unidos da Tijuca, Imperatriz Leopoldinense, Mocidade Independente de Padre Miguel e Unidos de Padre Miguel também prestaram homenagens. Já o Império Serrano destacou o laço especial com Maria Augusta, que era madrinha da comissão de frente e da bateria da escola.


“A presença de Maria Augusta era constante. Estava nos ensaios, eventos e desfiles. Tornou-se símbolo de carinho e respeito à frente dos nossos ritmistas”, afirmou a escola, reforçando que seu legado continuará vivo.



O jornalista e escritor Fábio Fabato definiu Maria Augusta como uma “esfinge momesca”, detentora de profundo conhecimento sobre o carnaval. Para ele, ela representou a leveza poética, o pioneirismo e o pensamento crítico no samba – num meio historicamente dominado por homens.


“Possivelmente, a última romântica da festa”, concluiu Fabato.


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