De Burnout a Ansiedade: desafios e respostas dos RHs brasileiros

Segundo pesquisa da consultoria Think Work, com 38%, o tema se tornou a principal preocupação na área de recursos humanos

Por Plox

11/08/2023 11h34 - Atualizado há mais de 1 ano

A saúde mental no ambiente de trabalho tornou-se foco de atenção em meio ao cenário pós-pandêmico. O Brasil, anteriormente apontado entre os países com altos índices de burnout – uma condição extrema de exaustão relacionada ao trabalho, enfrenta novos desafios com o aumento de casos de ansiedade, depressão e síndrome de pânico entre os trabalhadores.

Paul Ferreira, docente da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP) no campo de Estratégia e Liderança, sinaliza que o país esteve, por vezes, lado a lado com o Japão nos índices de burnout. No entanto, este panorama tende a evoluir. Uma pesquisa realizada pela consultoria Think Work indica que a saúde mental ascendeu ao topo das preocupações dos profissionais de recursos humanos no Brasil.

 

Foto: Freepik

Evolução dos números

No levantamento intitulado “Desafios do RH para o 2º Semestre”, evidencia-se um aumento expressivo na porcentagem de gestores preocupados com a saúde mental de seus subordinados: de 17% para 38% em apenas seis meses.

De acordo com Matthias Weneger, diretor de conhecimento da Think Work, as drásticas transformações após o período pandêmico, especialmente a retomada do trabalho presencial, afetaram o bem-estar psicológico dos funcionários. Muitas empresas estão acordando para esta realidade, que antes poderia não receber a atenção devida.

O cenário do home office

Em uma pesquisa conjunta realizada por Infojobs e Grupo Top RH, revelou-se que 85,3% dos entrevistados optariam por trocar de emprego em troca de mais dias em trabalho remoto. Além disso, 64,4% dos que regressaram ao trabalho presencial apontaram que sua qualidade de vida foi significativamente impactada, principalmente devido aos deslocamentos diários.

Os desafios atuais dos RHs

De acordo com a pesquisa da Think Work, os cinco principais desafios para os RHs no segundo semestre são:

  • Saúde mental dos funcionários - 38%.
  • Objetivos de diversidade e inclusão - 27%.
  • Fortalecimento da cultura organizacional - 23%.
  • Manutenção ou melhora do clima/engajamento organizacional - 21%.
  • Integração de gestão de pessoas com dados (people analytics) - 17%.

Ações das empresas frente aos desafios

Leandro Souza de Pinho, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos, seção Minas (ABRH-MG), destaca que a realidade modificada após a pandemia fez com que as empresas elaborassem novas políticas voltadas para o cuidado com a saúde mental dos colaboradores. No Verdemar, por exemplo, além de atividades preventivas, há uma equipe de cinco psicólogos disponível para atender as demandas dos funcionários.

Para Pinho, mais que campanhas isoladas, é crucial que as empresas tenham programas estruturados de monitoramento e apoio à saúde mental. Ele reforça a importância da compreensão ampla da realidade da organização como primeiro passo.

Divergência entre discurso e prática

Embora haja crescente conscientização sobre a saúde mental no ambiente corporativo, existe uma lacuna entre as iniciativas comunicadas pelas empresas e as efetivamente implementadas. Pesquisa da FGV EAESP indica que muitos colaboradores consideram as ações atuais insuficientes.

Visão Futura

Paul Ferreira sublinha que os desafios no cenário de saúde mental no Brasil evoluíram consideravelmente após a pandemia. Ele ressalta que a ansiedade, em particular, requer atenção, pois pode ser precursora de outras condições, como burnout ou depressão. E, com a pressão crescente por resultados e metas em ambientes corporativos, os profissionais de recursos humanos e líderes devem estar atentos às necessidades de seus colaboradores.

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