Os resultados da Petrobras no segundo trimestre de 2024 mostraram um prejuízo de R$ 2,6 bilhões, mas a presidente da empresa, Magda Chambriard, afirmou que a situação é temporária e que os lucros devem voltar nos próximos meses. Chambriard destacou que os números foram influenciados por fatores não recorrentes e reiterou a confiança na recuperação financeira da estatal.

Eventos não recorrentes e perspectivas de recuperação

Apesar do resultado negativo, Chambriard explicou que o desempenho estava "dentro do esperado" e foi afetado por eventos não recorrentes. Entre os principais fatores, ela citou o acordo tributário com o Ministério da Fazenda, que envolveu R$ 19,80 bilhões para encerrar litígios relacionados a remessas ao exterior, o acordo salarial 2023-2025 e a desvalorização cambial. A presidente afirmou que, desconsiderando esses fatores, a Petrobras teria apresentado um resultado positivo semelhante ao do trimestre anterior.

Política de dividendos mantida apesar de prejuízo

Mesmo com o balanço negativo, a Petrobras anunciou a distribuição de R$ 13,6 bilhões em dividendos e juros sobre capital próprio aos acionistas, conforme sua Política de Dividendos. Esses pagamentos serão realizados em duas parcelas, nos meses de novembro e dezembro, utilizando R$ 6,4 bilhões da reserva de remuneração do capital. A União, como maior acionista da empresa, receberá uma parte significativa desses dividendos.

O diretor financeiro da Petrobras, Fernando Melgarejo, não descartou a possibilidade de pagamentos de dividendos extraordinários ainda em 2024. Ele indicou que a decisão dependerá da análise dos fluxos de caixa futuros e da capacidade de financiamento dos projetos da empresa para o período de 2025 a 2029.

Ajustes nos preços dos combustíveis e estratégias comerciais

A diretoria da Petrobras também enfrentou questionamentos sobre a possibilidade de que o prejuízo do trimestre pudesse ter sido menor caso a empresa tivesse reajustado os preços dos combustíveis mais cedo. O diretor de Logística, Comercialização e Mercados, Claudio Schlosser, defendeu a estratégia adotada desde maio de 2023, que evita repassar as variações de preços internacionais de forma imediata ao mercado interno, a fim de mitigar a volatilidade.

Magda Chambriard ressaltou que, apesar de uma ligeira perda de participação no mercado de combustíveis nos últimos meses, a estratégia de preços foi acertada, pois aumentos poderiam resultar em uma redução ainda maior do market share da Petrobras, o que a empresa busca evitar.

Gasoduto Rota 3 pronto para operação

Além dos resultados financeiros, a Petrobras trouxe novidades importantes sobre o Gasoduto Rota 3, que deve entrar em operação até setembro de 2024. O projeto, que visa ampliar o escoamento de gás natural da Bacia de Santos, foi destacado pela presidente como uma entrega significativa para o estado do Rio de Janeiro e para o aumento da disponibilidade de gás natural no Brasil.

A diretora executiva de Engenharia, Tecnologia e Inovação, Renata Baruzzi, informou que os trabalhos no gasoduto estão avançando conforme o planejado, com a conclusão da completação mecânica prevista para agosto. O Gasoduto Rota 3, com 355 quilômetros de extensão, transportará cerca de 18 milhões de m³ de gás por dia, conectando o Polo Pré-Sal da Bacia de Santos ao Polo Gaslub, em Itaboraí, onde o gás será processado na Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN Rota 3).